malandro é malandro, mané é mané
Minha família tá com urucubaca braba. Hoje de manhã cedo chegou a notícia de que ladrões patetas entraram na casa dos meus tios de 70 e quase 80 anos cada um, querendo oooouro, muuuito oooouro. Explico: dia desse teve uma festa à fantasia de família e meu pai e uns amigos dele foram de malandro, com várias correntes douradas penduradas. Claro que as correntes eram horríveis e custaram um real o metro na Casa Turuna. Mas meu tio achou lin-das e no fim da festa catou todas pra ele. Aí ficava andando com as correntes pela rua e posando de bicheiro na padaria, na banca de revista, na praça... Quem vai negar esse pequeno prazer a um senhor de oitenta anos? Se ele quiser andar com um chapéu de Napoleão, que ande, ué, idade é pra isso.
Só que dois manés acharam bonito e resolveram que iriam se apossar do oooouro da minha família. Então hoje, às sete da manhã, bateram na porta da minha tia a fim de "sondar o ambiente" fazendo perguntas discretíssimas, como: "Aqui só mora a senhora e o seu marido né?". Coisa assim, de profissional. Então quando a minha tia começou a perceber que tinha alguma coisa errada, eles jogaram a "disfarçatez" pro alto e já foram entrando na casa, apontando arma pra ela e exigindo "os ouros do corôa". Só que a minha tia começou a gritar e vieram os cachorros da casa correndo (um poodle e uma vira-lata pequena ¬¬) e latindo. Daí os cachorros da vizinha começaram a latir também, meu pai perguntou de lá de cima o que tava havendo e os imbecis foram embora, sem ouro nem nada.
Uma pena. Dava tudo pra ver a cara deles quando tentassem vender o ouro na rua. ¬¬
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Outro caso aconteceu com meu irmão semana passada. Roubaram o celular dele e ficaram ligando tocando o terror dizendo que era da favela x, da facção y, que se bloqueasse o celular eles iam fazer e acontecer. Claro que meu irmão bloqueou. Mas os bandidões super poderosos não se deram por vencidos e continuaram ligando, fazendo cada vez mais ameaças, e cada vez mais absurdas. Ligaram pra agenda toda, inclusive pra namoradinha dele, coitada. Um belo dia um amigo do meu pai atendeu e disse "Ó, negócio é o seguinte, eu sô POLIÇA, tá entendendo? Eu tb tenho contato na favela x, falou? E se vocês continuarem com a palhaçada isso vai ficar sério de verdade e vocês vão se arrepender de ter feito gracinha com as pessoas erradas".
Claro que não ligaram mais.
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Isso me lembrou uma outra história de uma amiga minha, também carioca e esquentadinha como todo carioca sabe ser. Ela tava trabalhando de presidente de mesa numa eleição aí, logicamente muito contrariada, pq nunca vi ninguém feliz por ser mesário, ainda mais em pleno Rio de Janeiro num domingo de sol. Como se não bastasse, chega um cara arrumando confusão totalmente errado, como todo carioca sabe fazer. Aí botou o dedo na cara dela e disse "Olha aqui, minha amiga, vc vai fazer as coisas do meu jeito, entendeu? Olha que tu num sabe com quem tu tá falando, hein". No que ela rebate: "Não senhor, nós vamos fazer as coisas do MEU jeito e pelo visto é o senhor que não sabe com quem está falando.". Num instante o otário se aquietou.
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Já não se fazem mais malandros como antigamente. Se eu fosse bandido carioca iria começar a exigir testes de aptidão pra quem quisesse trabalhar no ramo. Não que eu esteja reclamando. Por mim minha família continua assim, muito bem, só caindo na mão de mané. Já que no Rio é inevitável não cair numa mão ixpierta mais cedo ou mais tarde, que seja de mané mesmo. Desses que nem sequer percebem a diferença entre ouro e ourina.
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