Família de Elite
Eu tenho um primo que é alguma coisa do BOPE. Na verdade, é marido de uma prima minha. Eu nunca soube que ele era do BOPE até sair o filme. Sabia que ele é policial, mas não do BOPE. Soube por acaso. Quando assisti o piratão lá em casa, estava BESTIFICADA com o treinamento dos caras, me perguntando em voz alta se aquilo tudo realmente funcionava daquele jeito. No que minha mãe disse "Ah, pergunta ao Marco Antônio. Ele é do BOPE.". Que Marco Antônio, mãe? "Marco Antônio, ué, o marido da Carolina".
Sim, Marco Antônio, o marido da Carolina, era do BOPE. Acontece, meus caros, que o Marco Antônio já morreu. Foi uma história muito muito triste. Sério. Eles foram namorados por seeeéculos. Se casaram. Um ano depois, estavam todos se divertindo num domingo de praia, quando o primo caiu estatelado no chão. Morreu jogando uma pelada. Aneurisma Cerebral. Foi um desastre, claro. Ela ficou de cama, engordou, teve depressão. Se fosse eu, morria junto. Mas a Carolina é mais forte e sobreviveu. Algum tempo depois, estava namorando. Um amigo dele. Do mesmo batalhão. Coisas da vida.
O então novo namorado da Carolina trouxe alegria pra família, uma vez que ninguém aguentava mais ver a prima tão triste. Casaram, tiveram dois filhos lindos e hoje em dia têm casa na praia, carro do ano e são muito mais felizes que o casal Nascimento. Gustavo, o nome dele. Gustavo. Não é um nome difícil. Todos aprenderam muito rápido. Menos minha mãe. Que INSISTE em chamar o Gustavo de Marco Antônio.
No começo era constrangedor, mas depois ele acabou se acostumando, até que virou piada. Certa feita, minha família resolveu organizar uma festa à fantasia pra comemorar o aniversário de alguns entes. Minha prima chegou lá ARRASANDO, vestida de Cleópatra, carregando o seu Júlio Cesar a tiracolo. Assim que viu a minha mãe, já foi logo dizendo: "Olha, tia, hoje a senhora pode chamar ele de Marco Antônio! Combina com a fantasia, né! Hahaha!".
Minha família é muito, muito estranha.
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Por falar em parentes do BOPE, algumas coisas começaram a fazer sentido depois que tive essa informação. Por exemplo, o episódio do carro roubado da Carolina. Dois filha-das-puta armados deixaram a menina a pé no meio da Avenida Brasil, num lugar sem acostamento nem nada. Só que o carro tinha GPS. Aí conseguiram localizar o paradeiro do veículo no meio de uma favela. O Gustavo não pensou duas vezes: foi lá buscar o carro da mulher dele. De madrugada. Lembro que quando chegou essa notícia, eu achei um absurdo, um disparate, de uma tremenda falta de bom senso. Tudo bem que o cara era polícia, mas porra... entrar na favela de madrugada pra pegar um carro??? Desde quando polícia faz isso? Polícia quer é que o carro se foda e o seguro pague tudo depois. E o que me deixou mais confusa é que eu fui a ÚNICA da família que achou essa busca uma maluquice da cabeça do Gustavo.
Mas depois soube que o Gustavo é do BOPE... AAAAAAAAAAAAAAAAAAH, maluco, aí tudo beeem!!! Comecei logo a imaginar a cena. Será que ele subiu de farda preta? Será que ele convocou os colegas? Tipo "Pessoal, vamo subir o morro pra recuperar o carro da minha mulher que uns vagabundo pegaram. Qualquer coisa, senta o dedo nessa porra, hein. É faca na caveira!". Será que ele botou alguém no saco pra dizer onde o carro tava? Será? Será???
Só sei que eu tenho um super herói na família. E vocês não. MORRAM de inveja! :P
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Nota da editora: Minha mãe leu esse texto e sei lá porquê cismou que eu tinha que trocar os nomes dos personagens, que não se bota nome de família em blog, que isso pode dar problema pro marido da minha prima. Como se os SUPER-HERÓIS do BOPE tivessem tempo de ficar lendo blog, quando vivem ocupadérrimos salvando o mundo das garras de traficantes malvados, que nem no filme. Mas tudo bem, troquei os nomes. Quem sabe esse não é mais fácil dela aprender? hehehe Mas "Marco Antônio" não dá pra trocar. Se não a história perde completamente o sentido, ué. Foi mal, mas o Marco Antônio fica. Ele já morreu, não deve se importar. Eu espero.