1.26.2009

 
Provocando a discórdia

Eu e meu irmão éramos chocólatras. Hoje em dia acho que sou muito mais do que ele, mas há uns quinze anos atrás (puts, to velha) éramos do mesmo nível de chocolatrismo. E sempre preferimos chocolate branco.

Naquele tempo minha mãe advogava e tinha um escritório em casa, onde recebia os clientes. Uma dessas pessoas na lista negra da Lei, era uma corôa japonesa que vamos chamar de dona Sashimi, porque minha mãe lê meu blog de vez em quando e tem treco quando vê nomes verdadeiros por aqui. Pois bem. Dona Sashimi era tão boazinha, tão legal, tão gente fina, que todas as vezes que ia lá em casa levava duas barras de chocolate, uma pra mim e uma pro meu irmão. Uma branca e uma preta.

Só estando dentro da minha cabeça pra assistir o vídeo arquivado nas minhas memórias das nossas batalhas pelo chocolate branco. Depois de sermos proibidos de nos engalfinhar na frente da dona Sashimi, lembro de termos elaborado algumas regras pra decidir quem ficaria com o delicioso quitute alvo. Quem atendesse o interfone ficaria com o chocolate branco. Se a minha mãe atendesse, quem chegasse no portão primeiro ficaria com o chocolate branco. Se a dona Sashimi já estivesse entrado em casa, quem chegasse na dona Sashimi primeiro ficaria com o chocolate branco. Se você não me der o chocolate branco vou contar pro meu pai que você fez cocô e não deu descarga. Se você não me der o chocolate branco vou fazer simpatia pro seu cabelo cair. Se você não me der o chocolate branco te encho de porrada, porque você é menor que eu. Mas eu sou mais forte, vem pegar se quiser.

E hoje eu tenho certeza de que aquela velha desgraçada não tinha intenção NENHUMA com aqueles chocolates que não fosse trazer a discórdia pro nosso lar. Porque era BASTANTE óbvio o quanto ambos amávamos incondicionalmente chocolate branco. A quem ela queria agradar com a maldita barra de chocolate preto? Curiosamente, não me lembro de hora nenhuma termos cogitado a hipótese de dividir as duas barras e ficar cada um com uma metade. Só sei que eu e meu irmão crescemos nesse clima competitivo de tirania, ameaças e sabotagem e só fomos nos dar bem muitíssimos anos depois.

Culpo a dona Sashimi. E todos os outras japonesas do mundo, porque agora não gosto de japonesa.


brinks.
posted by Arlequina @ 1:42 PM  
 



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