2.26.2009 |
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Mardi Gras em New Orleans (um pequeno resumo)
Eu cheguei sexta de noite mas minha mala não chegou porque a companhia aérea tinha enfiado em outro avião então tive que esperar duas horas no aeroporto pra mala chegar. Aí peguei um táxi e fui pra casa do Chris, que me conheceu pelo Couch Surfing e se ofereceu pra me hospedar e foi logo me dando uma chave e dizendo que eu podia ficar à vontade e comer qualquer coisa na geladeira e que de madrugada tava chegando duas chinesas que moravam na Carolina do Norte que ele também não conhecia, mas ele só ia abrir a porta pra elas e mostrar o colchão porque de manhã logo cedo ele estava indo trabalhar e ele trabalha em outra cidade na base militar consertando e pilotando helicóptero.
Acordei sábado sem o Chris em casa mas com duas chinesas da Carolina do Norte chamadas Merry Belle e Suki e fomos no supermercado comprar café da manhã e vodca e limão pra eu fazer caipiroska, que elas adoraram. Deixamos a chave na caixa de correio pra canadense chamada Isabelle que ia chegar mais tarde e fomos ver as paradas que são mais ou menos como uma mistura estranha de Sete de Setembro com carnaval do Rio, sendo que eles jogam colares coloridos dos carros alegóricos, muitos colares e nós pegamos vários. Depois eu fui pra um encontro do Couch Surfing mas as chinesas não quiseram ir e eu disse que tudo bem eu ia sozinha. Cheguei lá e conheci um alemão, um indiano que era anti-budista, muitos americanos e um casal de mexicano de uns quarenta anos. Me enjoei de parada e fui ver a famosa Bourbon Street, que é a rua onde pessoas ficam na varanda jogando os mesmos colares que jogam nas paradas, mas sendo que lá as mulheres levantam a blusa mostram o peito pra pegar colares mais bonitos. Não mostrei meu peito não. Mas encontrei o casal mexicano e tomei uma marguerita com eles e depois continuamos andando na Bourbon Street e notei que a mulher mexicana estava mostrando os peitos pras varandas e o marido tava pegando os colares que jogavam pra ela. Achei justo. Aí achei as chinesas de novo e fomos pra um bar onde tava tendo show de blues e uma outra menina do Couch Surfing chamada Marie da Silveira, que é brasileira, mas foi criada na França e mora atualmente em Nova Iorque, me ligou e encontrou com a gente lá levando uma francesa que mora em New Orleans. Isabelle me ligou dizendo que tinha chegado e que ia tentar encontrar com a gente e eu pedi pra ela deixar a chave na caixa de correio quando saísse, mas ela não conseguiu nos achar. Conheci um casal de uns 19 anos, Seth e Sky, e comentei que eles eram a coisa mais fofinha do mundo se divertindo e fazendo amizades juntos e eles me contaram que namoravam há quatro meses e nunca tinham brigado. O porteiro da porta do bar que dava pra área onde tinha o banheiro era paulista e me deixou confusa porque não conseguia mais falar em português, então parei de conversar com ele. Aí tinha esse cara que não sei o nome dizendo que meia-noite ia beber num bar pela primeira vez porque era o aniversário dele de 21 anos e eu não acreditei aí ele mostrou a identidade aí eu acreditei e dei um beijo na boca de presente pra ele. Suki ficou cansada e pegamos um táxi pra ir pra casa. O taxista botou mais uns 5 caras dentro do carro e quando vimos estávamos em outra cidade que não era mais New Orleans. Descemos num hotel e eu briguei feíssimo com o taxista e mandei ele ir se fuder porque eu sou carioca e to acostumada com essas putaria que taxista faz com turista e que não ia mais entrar no táxi dele e que ele fosse pro inferno e que se ele continuasse me enchendo o saco e pedindo dinheiro eu ia ligar pra polícia. Quando ele ouviu a palavra “polícia” foi embora e o pessoal do hotel chamou um táxi pra gente que nos levou em casa em segurança. Chegando em casa a canadense não estava, Chris também não e a chave também não. Fomos dormir no carro da Suki, mas ela ligou pro Chris algumas horas depois porque é meio impossível dormir bêbada e cansada num fusca, então ele ligou pra uma amiga dizendo que a gente tava na rua e essa amiga do Chris cujo nome não lembro foi buscar a gente e levou pra dormir na casa dela. Chegando lá, ela notou que TAMBÉM perdeu a chave (e carteira e documentos!) e ligou pra outro cara que era a coisa mais linda do universo e ele foi buscar nós 4 e levou pra dormir na casa dele e eu fiquei supermega feliz porque ele tinha um sofá-cama na sala ultra confortável e foi muito melhor do que dormir no fusca da Suki.
Domingo acordamos e voltamos pra casa do Chris dizendo que íamos odiar a canadense filha da puta pro resto da vida, mas Isabelle era tão fofinha e quando ela pediu desculpa porque não entendeu que eu tinha falado pra deixar a chave na caixa de correio, a gente deixou pra lá e todo mundo ficou brother. Aí chegou uma família da Flórida muito legal mas eu não lembro o nome de ninguém. Sei que eram dois coroas, uma moça de uns vinte e poucos e um rapazinho tímido de uns 19. A moça perguntou se eu sabia dançar o Créu. Ainda tinha vodca e limão então fiz mais caipiroska e todo mundo adorou caipiroska e não conseguiam parar de beber caipiroska e eu me senti a bartender e adorei. Aí fomos pra Frenchmen Street onde tem muitos muitos bares que tocam jazz ao vivo e dançamos e fomos pra outro bar onde ia ter uma banda de jazz vintage da Grécia que além de banda era um circo e fazia performances com malabares, panos, bicicletas e outras hippiezices mas dessa vez eu gostei. Voltamos pra casa e dormi.
Segunda quando acordamos a família tinha ido embora mas deixou um bilhete fofo dizendo tchau. Fomos no French Market onde tinha uma feirinha com coisas absurdamente caras e comprei um vestido de oncinha porque não era tão absurdamente caro assim e era lindo. Daí achamos uma outra banda de jazz tocando de graça na rua e dançamos lá por um tempo. Depois fomos pra uma festa do Couch Surfing na casa da Robin e as chinesas da Carolina do Norte foram embora pra Carolina do Norte porque tinham aula, mas achamos três franceses de mochila nas costas dizendo que estavam viajando pelo mundo durante um ano e tinham acabado de chegar em New Orleans mas não tinham onde ficar não. Chris chamou pra ficar na casa dele, aí fomos pra rua ver as paradas: Chris, três franceses, dois amigos do Chris engraçadíssmos, Isabelle e eu. Quando as paradas acabaram todo mundo queria ir pra casa menos Isabelle e eu, então Chris deixou a gente num bar/boite perto da casa dele. Dançamos macarena, conhecemos muitos meninos que pagaram bebida pra mim porque sou brasileira e me senti o máximo. Aí a Isabelle cansou e pegamos um táxi pra casa e eu juro por deus que não passamos nem vinte segundos dentro do táxi, porque o lugar era pertíssimo. Mas Isabelle perguntou quanto era e o taxista disse dez dólares e eu disse que nem fudendo ia pagar dez dólares e Isabelle disse que tudo bem, ela pagava porque ela tava cansada e só queria dormir. Aí eu falei pro taxista que ele tinha dado sorte de ter achado uma canadense trouxa porque eu era do Rio e não caio em conto de taxista de jeito nenhum e ele morreu de rir e eu morri de rir também e ambos rimos da canadense juntos e eu disse feliz mardi gras e espero que você encontre muito trouxa e fique rico e ele foi embora rindo. Tropecei nos franceses que tavam na sala, vomitei no banheiro porque tava bêbada e dormi rindo.
Terça acordei com a maior ressaca desse universo e Isabelle também. Mas era Terça-feira Gorda e fomos pro French Quarter com os franceses e Chris. Passei mal de ressaca e quase fui pra casa, mas tomei uma aspirina que salvou a minha vida e tudo ficou bem. Descobri que a francesa e outro francês eram um casal e acho que o terceiro era gay, porque ele ficou feliz da vida quando achou uma varanda cheia de bicha velha jogando colares somente pra homens que mostrassem a bunda e ficou muitas horas lá mostrando a bunda. Se tivesse um concurso de quem catou mais colares naquele Mardi Gras, com certeza os franceses ganhariam. Eu que não agüentava ver mais bunda, peito, colar e bicha velha, fui andar sozinha pelo French Quarter pra ver fantasia. E vi arlequim, pierrot, colombina, xícara, anjo de perna de pau, Eduardo Mãos de Tesoura com mãos de pênis, rainhas, princesas, reis, vikings, mendigos, um pênis gigante que jorrava água sem parar com uma placa escrita Viagara Falls, deus, boneca de voodoo, urso, elefante, chuveiro, planta, cadáver dentro de um caixão que era uma bicicleta, Frankstein, batman, super man, super woman, super boy, super peito. E vi peito, peito, peito, peito em tudo quanto é lugar. E fui no Voodoo Museum com Isabelle e achei altares pra santos chamados Oshun e Shango escrito assim mesmo e me senti a guia turística super entendedora sobre cultura africana explicando pra Isabelle quem era Oshun e Shango. Depois fomos turistar fora do French Quarter e tiramos foto da igreja, da praça da ponte e tinha uma galera dançando break na rua e Isabelle achou lindo maravilhoso mas eu acho break meio chato então me perdi e voltei pra Bourbon St onde os franceses AINDA tavam mostrando a bunda e pegando colar. Me enjoei disso também e fui achar Isabelle de novo e quando achei fomos procurar mais coisas legais pra ver e passei por um bar que tava tocando Timbalada, por sinal uma música que eu adoro sobre cachaça, amor verdadeiro, fevereiro e festa junina. Entrei no bar e dancei a musica toda e dei um dólar de gorjeta pro DJ. Aí saímos e logo adiante tinha uma bateria tocando música de escola de samba e eu fiquei doida e dancei muito samba e disse feliz carnaval em português e o cara do pandeiro respondeu feliz carnaval de volta. Andamos mais um pouco e achamos Chris em frente a um carro de som que tava tocando sou praieiro sou guerreiro to solteiro em salvador e eu não entendi NADA, fiquei confusa achando que por algum motivo tinha entrado num portal mágico e ido de volta pro Brasil. Conheci uns mineirinhos bêbados super bonzinhos que me contaram que moram em New Orleans há 3 anos e que é o único lugar nos EUA que um brasileiro pode ser feliz. Ficou tarde e cansamos e fomos pra casa e os franceses fizeram comida francesa de jantar, alguma coisa que me esqueci como se fala mas é algo parecido com empoisses benignet. Eu fiz caipiroska. Não consegui dormir porque tava feliz demais.
Acordei quarta feira de cinzas, disse tchau, chorei uma lágrima porque odeio dizer tchau, Isabelle prometeu que vamos ser amigas pra sempre e que ela vai passar o carnaval no Brasil ano que vem. Chamei um táxi que me cobrou o preço normal, fui pro aeroporto e voltei pra Tacoma.
Foi assim. |
posted by Arlequina
@ 11:07 AM
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