4.09.2009 |
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Safe and warm in LA
Sei que to devendo um post sobre LA, mas já vou adiantando que nem vai ser tão emocionante. Primeiro que fiquei com preguiça, aí passou um tempão e o oba oba já foi. Segundo que a viagem em si não foi tão emocionante. Não que não tenha sido maravilhosa, mas foi calma, tranquilona. Vamos por partes.
- "If everybody had a ocean across the USA..."
Eu não gosto de praia. Nunca gostei. Mas confesso que depois de quase um ano morando em Washington (State, não D.C.) onde all the leaves are brown and the sky is grey, me deu uma saudadinha de beira de mar. Aí passei três dias em Venice Beach. A praia é bonita? É. Mas se você já viu Copacabana, Ipanema, Leblon, Cabo Frio, ou qualquer outro cartão postal do Rio, praia nos EUA não é nada. Já o clima... Ai como gosto de clima seco. Dá até alegria de ver o sol. Só de pensar que tudo vai estar lindamente iluminado mas a minha pele não, fico feliz. Enchi o saco do céu cinza de Washington, mas continuo tendo pesadelo de que voltei pro Brasil e to sufocando de calor e derretendo em suor. É verdade, eu tenho esses pesadelos MESMO. Aí acordo no meio da madrugada e desligo o aquecedor. Todo mundo que vem ao meu quarto se espanta com a minha coberta fina: "Você dorme SÓ com isso???" Durmo. E de aquecedor desligado, feliz da vida porque não acordo com o travesseiro suado e mosquito me picando. Sim, mas voltando ao assunto... Venice Beach se chama Venice Beach porque tem uma parte do bairro que imita a cidade italiana e é cheia de casas chiques com jardins floridos rodeadas de canais (que não fedem). Sabe aquele filme engraçadinho chamado Role Models (em português acho que é "Modelos Nada Corretos")? Ontem eu tava assistindo com a minha roomate. Aí quando aparece a casa do incorreto doidão que se veste de Minotauro eu disse "Oxe, isso é Venice Beach!" e fui olhar minhas fotos pra confirmar. Não é que tenho uma foto em frente a casa dele? hahah Eu sei que é besteira, mas queria comentar. :P
- "I'm ready for my close up, Mister De Mille"
Hollywood é uma das coisas mais bestas que já vi na vida. A Calçada da Fama é uma rua cheia de loja de souvenir feio por todos os lados e um chão com um monte de estrela besta, turista besta tirando foto das estrelas bestas com nome da celebridade besta preferida deles. Não tirei foto de estrela nenhuma. E na calçada besta tem uns "atores" toscamente fantasiados de personagem de filme, Marilyn ou Elvis, posando pra foto por gorgeta e esperando ser "descobertos." Meio que deprimente até. Mas deprimente mesmo é o monte de cantor de hip hop que fica enchendo o saco de todo mundo que passa, tentando vender os próprios CD's. Uns botam um carro com a mala aberta tocando a música, outros não têm carro, então cantam. Depois de dez minutos na Calçada da Fama fiquei irritada, principalmente por causa do hip hop como música ambiente. E meu carma nos EUA (além de ter que repetir over and over again que eu não falo espanhol) é rapper. No Brasil nunca mexeram comigo, mas aqui... MEU DEUS DO CÉU. Nunca imaginei que eu tenho perfil de musa de gangsta. Eu ABOMINO as vestimentas que eles usam, portanto JAMAIS vestiria NADA que pudesser levar alguém a crer que sou sista do hip hop. Por que esses malucos tanto me enchem o saco?? É impressionante como esses caras chegam em mim, cheios de auto-confiança, cheios de gingado, pose de galã, com o maior jeitão de "sou tão cool que essa aí já tá no papo!" E INSISTEM! Argh, como detesto esses caras! Ok, lets move on... Tirei uma foto no Hollywood sign, CLARO. Se não tirasse, seria a mesma coisa que ir ao Rio e não ser explorada por um taxista, ou ir a Aracaju e não levar uma multa de trânsito :). Enfim, eu não estava esperando nada de Hollywood mesmo, mas posso dizer que já fui lá. Pronto.
- Hablamos español
Uma das coisas boas de ter ido a Los Angeles, é que nunca na minha vida vou precisar ir ao México. O México é lá! Sério, algumas pessoas me disseram que a única cidade do mundo que tem mais mexicano que Los Angeles é Cidade Del Mexico. Cara, dá pra ter noção disso? Praticamente NENHUM lugar do MÉXICO tem maior concentração de MEXICANO que LOS ANGELES! É tanta gente falando espanhol na rua que às vezes me esquecia onde eu estava. Claro que não preciso nem dizer que trinta vezes por dia alguém tentava conversar comigo em espanhol. Se não aprendi essa língua por osmose é por pura birra, porque fico puta quando olham pra minha cara e simplesmente concluem que sou mexicana (como se não houvesse mais nenhum outro país na América Latina), fico mais puta ainda quando descobrem que sou brasileira e continuam insistindo em falar espanhol, e fico MAIS PUTA AINDA quando descobrem que sou brasileira e falo português, mas CONTINUAM falando espanhol achando que eu tenho obrigação de entender porque "Portuguese, Spanish, c'mon, its all the same thing." Same thing é um caminhão cheio de chicano escondido atravessando a fronteira pra morar em Los Angeles. Vão todos à merda e me deixem com minha língua linda que eu tanto amo.
- O Albergue
Passei duas noites num albergue porque queria ficar na praia e não achei nenhum Couch Surfer pra me hospedar lá. Na primeira noite dividi o quarto com uma alemã que tava viajando há não sei quantos meses de carro pelos EUA. E ela me disse que nesse tempo todo, DORMIU DENTRO DO CARRO! Assim, na moral. Estacionava o carro numa rua qualquer e dormia. E o pior que essa indivídua disse que não tem perfil no Couch Surfing não porque acha perigoso. Gente, o que no mundo pode ser mais perigoso do que uma mulher sozinha dormindo NUM CARRO em um país onde ela não conhece ninguém?? Inclusive, ela me disse que resolveu passar umas noites no albergue porque levou um susto na noite anterior com uns sem teto batendo no vidro do carro dela durante HORAS pedindo esmola. Bizarro, hein.
Área comum de albergue é sempre interessante: você tem uma amostra grátis de maluco de cada continente. Estávamos lá de bate-papo falando de viagens (e eu me achando A mochileira haha) no que se entrosam três lagartixinhas com cara de nerd, duas loiras e uma ruiva. Perguntei de onde eles eram e eles disseram de Liverpool. Perguntei o que tavam fazendo na California e eles disseram que tavam viajando pelos EUA há quatro meses, aí conheceram não sei quem que convidou eles pra ir ao México (um grande desperdício se você está nos EUA e pode ir a Los Angeles) e agora voltaram pra continuar a viagem como planejaram. Meio abobada, quis saber quantos anos eles tinham. 18, 18 e 19. GENTE! Veja só que coisa MAIS LINDA! Dezoito anos mochilando em país dos outros. Quando eu tinha 18 anos colocava roupa em baixo do lençol e saía escondida depois que meus pais dormiam, porque eles SEQUER me deixavam ir a festas. E achava isso a coisa mais sensacional de todos os tempos. Enquanto esses inglezinhos magrelos com carinha de nerd botam uma mochila nas costas e pegam um avião. Eu disse "Ô menino, sua mãe sabe onde você tá?" e eles disseram que a viagem foi presente dos pais, de formatura do Ensino Médio. INVEJA. Muitas coisas que faço agora eu queria ter feito com 18 anos. Com certeza seria uma pessoa extremamente mais madura e bem resolvida. Mas bem, a vida é injusta e os inglezinhos eram uma fofura. Espero que eles estejam seguros e se divertindo bastante nesse momento, por sinal.
- Couch Surfing
Conheci muito couch surfer bem legal, como sempre. Mas o cara que me hospedou em Hollywood sem sombra de dúvida tem uma das histórias de vida mais interessantes que eu já ouvi. Segundo o perfil dele no CS, ele já morou em quase dez países diferentes, inclusive no Brasil (aliás, o português dele é bem melhor do que o meu inglês). Aí você pensa "Nossa que aventureiro! Esse aí é maior malucão, hein!" Mas na verdade, a vida nômade dele se deve ao fato dele ter sido criado por um casal de missionários cristãos que rodam o mundo difundindo uma seita religiosa muito doida. Depois de ter crescido em várias colônias dessa seita, aos 24 anos de idade ele resolveu que era ateu, largou os pais birutas e ancorou em Los Angeles pra fazer faculdade de Cinema. Isso sim é impressionante! E ele me disse que, ironicamente, mesmo morando em tantos países, ele só descobriu o mundo de verdade quando parou em LA. Porque o país muda, mas a vida dentro da "concha" dos missionários era sempre a mesma. Ele tinha educação especial, só andava com filhos de outros missionários, teve um monte de restrição que qualquer adolescente normal não tem. Depois de ouvir essa história, voltei a achar o máximo meus contos de fuga de casa. A adolescência dele foi mais interessante, mas a minha foi mais divertida. :P
- Universal Studios
Não costumo gastar muito quando viajo, mas dessa vez achei que valia fazer uma extravagância e dar alguns muitos dólares pra brincar no Universal Studios Entreteniment Park. Sábia decisão. Montanha russa virtual é o que há! Quase todos os brinquedos eram 3D e saí de lá doida pro mundo ficar super moderno logo e ter coisas 3D em todos os cantos. A varinha da Sininho encostou na minha testa, o Exterminador do Futuro disse pra mim que ele will be back, vi fantasmas de Faraó, andei de montanha russa com Hommer Simpson e fui engolida por uma Maggie gigante. VIVA A MATRIX!
- Grand Finale
Tem certas coisas que não se faz. Acho uma sacanagem do destino quando ele quer pregar peças de mau gosto só pra quebrar o tédio. Se você está num dos maiores aeroportos dos EUA, passando pela fila da revista (que aqui é absurda. tem que tirar sapato, tirar casaco, abrir mala, responder perguntas...), e escuta uma explosão na escada rolante de maneira que não há nem sequer pra onde correr, você pensa "Que legal. É assim que a minha vida vai acabar: num atentado terrorista nos EUA." Você olha em direção da explosão e vê pedaços de escada rolante voando e gente pulando e pais puxando crianças e seguranças correndo e passando rádio. Você olha em volta e vê todo mundo na fila congelado, sem cor, feito estátua grega, certamente pensando a mesma coisa que você. Mas você não morre. Não era um atentado terrorista, no fim das contas. Apenas um degrau da escada rolante que quebrou e fez com o que todos os outros saíssem voando. Agora tu me diz se isso é coisa que aconteça! Tanto lugar no mundo pra degraus de escadas rolantes quebrarem e sairem voando, mas justamente ESSE, dentro de um AEROPORTO AMERICANO, resolveu tirar essa onda. Achei um absurdo. Mas eu sobrevivi e cheguei em Tacoma pronta pra organizar minha próxima viagem.
The end |
posted by Arlequina
@ 10:28 PM
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