8.04.2009

 
Depois que tive um surto de iluminação e decidi passar um tempo ficando sóbria na balada, o grande desafio tem sido encontrar maneiras alternativas de me divertir. Até que me veio a brilhante idéia de narrar todas as mazelas e dificuldades da vida de quem permanece a noite inteira com plena consciência de si e do mundo a seu redor. Quando se abre mão de dois itens importantíssimos da clássica trilogia, o que sobra além do rock and roll? Não muito. Porém, se você sempre quis saber como os sóbrios enxergam o universo mas nunca teve coragem de parar de beber, sorria! Eu farei o sacrifício no seu lugar!



Sóbria na balada - a Série

Parte 1: pose, charme e elegância


A primeira dificuldade que senti foi arrumar alguma coisa pra fazer com as mãos. Porque além de tudo eu sou ex-fumante recém-chegada no clube: três longos meses sem nicotina. Habitualmente, uma mão sempre me serviu pra segurar o cigarro e a outra pra segurar o copo (ou garrafa, ou caneca, ou taça, whatever). Agora parece que tenho dois órgãos sobrando no corpo. O que fazer? Ficar jogando o cabelo prum lado e pro outro a noite toda? Se tivesse cabelos lisos, sedosos e brilhantes seria até charmoso. Já que não tenho, nunca mais poderei ir pra festa de saia. Agora só calça jeans com bolso na frente pra enfiar pelo menos uma mão enquanto apóio a outra na parede.

Descobri também que não sei dançar sóbria. Na verdade, provavelmente também nunca soube dançar bêbada, mas certas misturas de limão com destilado podem facilmente coagir meu cérebro a pensar que sou filha de Ana Botafogo com Carlinhos de Jesus. No entanto, dentro das limitações que a consciência do senso do ridículo me impõe, quando não to em pé com a mão no bolso, to sentada com a coluna ereta e a perna cruzada, olhando pro nada.

E foi assim que percebi de repente que sou fina. Chique. Elegante. Esbanjo charme. Pelo menos segundo um ou outro bêbado mais interativo que, ao detectar minha presença, fica intrigado acerca de quem é essa pessoa misteriosa de maquiagem inteira às três e meia da manhã. Eu digo quem é: alguém que está morrendo de tédio porque não sabe dançar nem paquerar sóbria, portanto fica parada com cara de taca fingindo que é blasè.

Bêbados, não se enganem. Eu sou uma farsa.
posted by Arlequina @ 9:19 AM  
 



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 Em qualquer tempo onde os homens sonhem.
 
                                                        Na vida."

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