8.14.2009 |
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Sóbria na balada - a Série
Parte 2: oivocêvemsempreaqui?
Sou um desastre paquerando. Inclusive quando tem um gatinho claramente me dando mole. Um desastre. E até então não havia percebido.
Se for parar pra pensar, eu nunca fui muito de pegação em balada, mas, até onde me lembro, era opcional. Geralmente ia pra night com um grupo de amigos e a minha atenção era completamente voltada a eles. Isso porque na minha época de baladeira TRUE eu morava numa cidade pequena e entediante, onde todas as pessoas que me interessavam em qualquer aspecto já chegavam nas festas comigo. Se saísse no lucro, era amigo de amigo, primo de amigo, vizinho de amigo, enfim, rolos que nunca precisaram de muitos esforços pra surgir.
Mas pensemos em situações extremas como, por exemplo, o carnaval. Tenho lá os meus complexos, é verdade, mas no quesito atributos físicos, não sou de se jogar fora. Mesmo desajeitada e de maquiagem borrada, já ganhei muita caipirinha de graça e já distribuí muito número de telefone. As ruas de Olinda que o digam. E quando morei nos EUA? A despeito dos dez quilos a mais, meu sotaque brasileiro parecia canto da sereia em qualquer bodega. Isso quer dizer que eu não deveria depender dos contatos dos meus amigos, certo? Porque a história mostra que, no que concerne à paquera, sempre houve alguma coisa que me permite andar com as próprias pernas. É beleza? É charme? É pomba-gira? Não. É álcool. Era.
Sóbria, sou um desastre. Não encaro porque não consigo manter contato visual. Não chego pra conversar porque forças ocultas impedem que eu me aproxime de desconhecidos. As mesmas forças ocultas que me impedem de abrir qualquer brecha para desconhecidos se aproximarem de mim. Gente, como faz? Minha amiga me cutuca e diz: "Olha ali, aquele cara não tira o olho de você, hein!" Então eu viro e percebo que o ele realmente não tira o olho de mim. Aí olho pro chão. Pra cima. Pro lado oposto. Viro de novo e ele ainda ta olhando pra mim. Minha amiga manda encarar. Eu encaro irritada porque não gosto de gente que não conheço olhando pra mim. Aí o cara fica com medo e desolha. Ou é corajoso e chega perto. Então começa um papo ridículo de "oi-qual-é-seu-nome-o-que-você-faz-onde-você-mora-quer-ir-pra-um-lugar-mais-sossegado?" Não, não quero. Porque a verdade é que, quando eu to sóbria, todo e qualquer menino que me apareça em balada não vale a ida pra nenhum lugar mais sossegado. Menino de balada tipo Casa da Matriz tem cara de playboy. E se for balada alternativa, tipo samba em Santa Tereza, tem cara de sujo. Ou de gringo. Ou é gringo. Ou usa sapato estranho. Ou se veste mal. Ou dá preguiça de conversar. Ou dá preguiça de beijar. Ou tá bêbado demais. Xô.
A questão é que minha galera de outrora hoje está espalhada pelo mundo. Não vou mais à farra dentro de uma bolha hermeticamente fechada contendo apenas amigos e amigos de amigos. Na situação atual, me conformo com uma ou duas companheiras de festa que no fim das contas sempre acabam se dando bem por saber fazer a dança do acasalamento com muito mais desenvoltura. Eu, chata e fina, fico sozinha. Meu império caiu.
E foi assim que cheguei à conclusão de que nunca mais vou ficar com ninguém. Maravilha. |
posted by Arlequina
@ 8:57 AM
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