Quem não tem Barcelona...
Amo cidade grande. Amo o caos e corre-corre do centro de cidade grande. Amo o contraste, a loucura, os desencontros e as surpresas do centro de cidade grande. E, além disso tudo, o Centro de Buenos Aires tem charme.
Os prédios que dão a impressão de se estar em Barcelona, mesmo pra quem, como eu, ainda não teve a sorte de ir a Barcelona. As fachadas art nouveau tão conservadas que parecem ter sido construídas anteontem, ou parecem que os anos 20 foram anteontem e eu estive lá tomando vinho com Carlos Gardel. As multidões de porteños cheios do charme e elegância de quem perdeu posição econômica, mas ainda mantém a espinha ereta. Porteños...
Porteños: futebol, política e mullets
Aliás, sabe por que os homens porteños usam mullets? Porque podem. Duvido que qualquer outro ser humano no mundo fique bem com esse corte de cabelo. Mas, impressionantemente, esses lindos príncipes esbeltos, alvos e de olhos azuis, continuam charmosos mesmo com aquela sobra de cabelo nonsense na nuca.
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Obviamente o Maradona é uma exceção.
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Eu tirava foto de uma pintura tosca escrita Mi Buenos Aires Querido numa banca de jornal, quando um velho desconhecido parou perguntando se eu era brasileira, se torcia pro Flamengo, se conhecia Brasília. Não que ele estivesse necessariamente interessado em alguma resposta, porque falou sem parar sobre Buenos Aires e Brasil num castelhano até bem fácil de entender e, depois de uns dez minutos de monólogo, disse que estava muito apressado e foi embora, me deixando com cara de “anh?”.
Pelo menos dentro da minha experiência, o senhor falante não foi uma exceção. Os porteños que cruzaram meu caminho me pareceram simpáticos, educados e prestativos. Nada daquele mito do arrogante nojento que circula por aqui.
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E é de tardezinha que os protestos começam na Plaza de Mayo, na 9 de Julio, na Cordoba, em todo lugar. Contra a corrupção, aumento de qualquer coisa, falta de moeda, injustiça social, perigo no trânsito, bueiros abertos, sucateamento de alguma faculdade, não importa. O porteño sempre tem um motivo pra fechar uma rua e organizar uma passeata. Eles carregam faixas, pintam a cara, gritam, berram, cantam, batucam e pouca gente dá atenção. Aparentemente, grupos de protesto ficaram tão banais nas avenidas do Centro de Buenos Aires, que passam batido pelos não engajados. Estes andam pelas ruas desviando de passeatas no caminho como quem desvia dos dançarinos de tango que se apresentam na rua Florida em troca de gorjeta dos turistas. De certa forma, é meio triste.
Coisas estranhas
Era uma vez, um planeta muito distante chamado Azazel. Um belo dia, alguns dos seus habitantes foram selecionados para a nobre missão de espalhar o caos e a destruição na Terra. Após ganharem corpos e formas humanas, seguiram dentro de um foguete para o centro de treinamento chamado Brasil. Por algum descuido, o foguete acabou caindo em um buraco negro conhecido pelos terráqueos brasileiros como Aracaju. Apesar do ambiente extremamente desfavorável, a família Azazel vingou, cresceu e dispersou-se. Hoje podem ser encontrados em vários pontos estratégicos do mundo, cumprindo a nobre missão para a qual foram enviados. De vez em quando, por acidente ou destino, acabam se cruzando em locais aleatórios e improváveis.
E foi assim que eu andava tranqüilamente nas ruas de Buenos Aires, quando ouvi um “Hola!”, virei pra ver, e era a Marcela.
Buenos Aires, 01 de Outubro de 2009.
Rapaz, não é um "mito do arrogante nojento que circula por aqui." E é no MUNDO. Minha larga experiência com argentinos me fez criar uma teoria: eles são muito educados, gentis e galanteadores (a maioria até grudendos, ecaa), mas isso se resume à primeira vista ou para turistas ou para mulheres, principalmente brasileiras, que eles têm uma predileçao.... mas no dia-a-dia, o porteño é chato pra CACETE!!
Mas como eu falei essa é minha experiência....