10.25.2011
Pra não dizer que eu não pedi
 
Eu não quero a sua ajuda pra abrir meus olhos e desbravar o território da compreensão e da empatia. Na verdade, não é que não queira. Modéstia à parte, eu não preciso. Entender e racionalizar sentimentos alheios é um carma que me persegue. Sim, existe um  motivo profundo e pessoal que impulsiona atitudes passionais e agressivas. Todo mundo tem uma história, todo mundo tem um trauma, todo mundo tem uma ansiedade, todo mundo tem um medo. Cada um com o seu calcanhar, cada um com o seu jeito. Mas eu não quero a sua ajuda pra fins de interpretação do jeito do mundo. Interpretação do texto alheio é meu dom, é a minha especialidade. Obrigada.

Eu não quero a sua ajuda pra me dizer que eu provoco atitudes passionais e agressivas. Não há nada, absolutamente NADA que possa vir de você com o impacto de um tapa na minha cara. E não é que eu seja inabalável. Modéstia à parte, eu nem me preocupo em sê-lo. Entender e racionalizar os meus sentimentos é um carma que me persegue. Nenhum defeito meu escapa à minha minuciosa e torturante autocrítica. Eu também tenho uma história, eu também tenho um trauma, eu também tenho uma ansiedade, eu também tenho um medo. Se pisarem no meu calcanhar, eu vou gritar do meu jeito. Eu sei que você acha exagero, mas recitar meu próprio texto não é um dom, nunca foi minha especialidade e provavelmente nunca vai ser. Mas obrigada.

O que eu quero mesmo é um lugar pra chorar quando atitudes passionais e agressivas dos outros me atingem mais do que as epifanias desnecessárias que você me oferece. Tendo eu provocado ou não, tendo eu merecido ou não.

Eu só quero chorar e espernear que nem criança e depois pegar no sono, sem ninguém me acordar.

Eu só preciso do seu colo. E isso você nunca me trouxe.

posted by Arlequina @ 4:13 PM  
 



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