3.27.2008

 
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?


Lembra, José? Você não tinha infância porque morava no subúrbio carioca onde não se brinca na rua sem risco de tomar bala perdida. Não tinha amigos no colégio porque era nerd demais pra ter amigos. Então você lia e via televisão. Lia muito e via muita televisão. E sempre se perguntava: o que estou perdendo lá fora dessa vida suburbana?

Daí sua família se mudou pra uma cidade tranqüila onde se brinca na rua e não se toma bala perdida. Mas já não era mais idade de brincar na rua. Era hora de aprender a se maquiar, pintar o cabelo e dar o primeiro beijo.

Então você não tinha adolescência porque era adestrado por um par de pais neuróticos que te criavam em regime militar. Não podia namorar, não podia pintar o cabelo, não podia fazer um piercing, não podia ler revista capricho, não podia sair, não podia conversar com meninos, não podia falar no telefone. Tinha amigas e ouvia algumas histórias, mas não tinha as próprias histórias, portanto inventava. Então você inventava histórias, lia e via televisão. Muitas histórias, muita leitura e muita, muita televisão. E sempre se perguntava: o que estou perdendo lá fora de casa?

Um belo dia você deu uma de Rita Lee, resolveu mudar e fazer tudo que queria fazer. De repente ser a ovelha negra da família virou a missão da sua vida. É isso aí, atitude e personalidade! Então você ouvia rock escondido, saía escondido, bebia escondido, namorava escondido, fumava escondido, se tatuava escondido. Já não lia tanto, já não via tanta televisão. Mas em compensação, as histórias... Ah, as histórias...

Até que você entrou na faculdade, José. E de repente a cidade tranqüila ficou pequena demais. Na cidadezinha não tinha show, na cidadezinha não tinha gente bonita, na cidadezinha não tinha gente inteligente, na cidadezinha só tinha gente medíocre que freqüentava os mesmos lugares e só falava as mesmas merdas. E sempre se perguntava: o que estou perdendo lá fora dessa vida de cidadezinha pequena?

Aí você encontrou um mundo paralelo dentro da própria cidadezinha pequena. Pessoas inteligentes, pessoas divertidas, pessoas que não têm medo de experimentar o novo, pessoas que não precisam fazer parte da massa, pessoas que não julgam, que pensam mais, que olham além e que vão dominar o universo. E que sorte a sua hein, José?! Nesse mundo paralelo você encontrou companheiros maravilhosos e até mesmo uns quatro ou cinco grandessíssimos amigos. Pouquíssima leitura, televisão moderada e muita, muita, muuuita história. Grandes histórias, José! Só que de repente o seu mundinho paralelo começou a ficar pequeno também. E você começa a se perguntar: o que estou perdendo lá fora desse mundo que eu inventei?

Até que você acabou a faculdade. E então eu é que te pergunto:

E agora, José?

-

O engraçado de ouvir histórias da geração dos nossos pais, é que aparentemente naquele tempo não havia classe média. Todo cinquëntão se gaba do quanto batalhou na vida, do quanto sofreu, do quanto estudou, do quanto passou fome, de que tinha que andar não sei quantos quilômetros até a faculdade porque não tinha dinheiro pra pegar ônibus, que tinha que sacrificar isso e aquilo. E eles adoram ressaltar que a vida é mais fácil pra você, que já nasceu na classe média, "você, garotinho inocente, garotinho juvenil, garotinho criado a leite moça, leite com pêra, ovomaltino na geladeira".

Então na teoria funciona assim: estudamos em colégio particular e o pico da nossa angústia adolescente acontece aos 17 anos, que é basicamente passar no vestibular e entrar uma boa faculdade que garanta uma carreira brilhante no futuro. Porque vejam bem... A gente não precisa comprar imóvel e carro. Isso nossos pais que passaram fome e andaram 10 quilômetros diários até a faculdade, já conquistaram e nós recebemos assim, como eles gostam de dizer “de mão beijada”. A nossa missão agora é: não cagar tudo. Afinal foi muito sacrifício deles (e tudo “por nós”, eles também gostam de ressaltar) pra gente simplesmente jogar pelo ralo. Então se vira, maluco, sua vida é fácil, vai lá e faça melhor.

Mas a nossa geração criada a Internet banda larga e tv a cabo num estado democrático, um dia faz vinte e poucos anos, termina a faculdade e se depara com o “e agora”? Mas é um E AGORA? com o peso e o tamanho de uma maldição cármica. Porque AGORA não basta ter um emprego. Tem que BRILHAR no mercado de trabalho. Não basta ganhar dinheiro. Tem que ter estabilidade. Não basta nem se quer ser agora. Tem que ser pra vida inteira. E não basta conquistar o status de classe média, ah não, isso a gente já tem. Tem que ser realizado profissionalmente, tem que ser bem sucedido, tem que ter qualidade de vida e além disso tudo ainda tem que ser feliz! Tem que escolher o caminho, aquele que vai levar ao pote de ouro no final do arco-íres. E um passo em falso agora pode levar a sua vida inteira à ruína. Não pode perder tempo, não pode ficar parado, não pode ficar sem emprego, não pode ser qualquer emprego, não pode estagnar a carreira, não pode ser demitido, não pode pensar demais, não pode ficar indeciso. Velocità, velocità!!!

Atirem-me pedras, mas estou começando a desconfiar que as coisas eram mais fáceis no tempo que a grande preocupação era somente ganhar dinheiro honesto, não importa como. Realização e felicidade vinham no pacote.

A minha geração é aquela que acaba a faculdade “sozinha no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope...”. Aquela que vai andando porque não pode ficar parada, mas vai andando sem saber onde está indo nem o que está procurando. É a geração do “Você marcha, José. José para onde?”.

E não, isso não é fácil.
posted by Arlequina @ 12:22 PM   0 comments
 





3.26.2008

 
Hoje resolvi que ao invés de ir para a maromba, ficarei em casa rezando.
posted by Arlequina @ 2:12 PM   0 comments
 






 
Estamos de casa nova. Aceito sugestões. Pena que os comentários vão ficar com o layout antigo mesmo, porque acabei de descobrir que pra mexer no template do haloscan tem que doar (como assim "tem que doar"???) doze dólares! apaputaquepariu! Até pagaria de bom grado, se não fosse pela cara-de-pau de usar o termo "doação" pra cobrar por um serviço. Se "tem que" não é doação, cacete.
posted by Arlequina @ 10:54 AM   0 comments
 





3.25.2008

 
estamos em reforma.
posted by Arlequina @ 5:48 PM   0 comments
 





3.21.2008

 
Santa merda, Batman! Agora que eu vi que o título do blog tb sumiu!!!
posted by Arlequina @ 8:37 AM   0 comments
 





3.15.2008

 
Será que alguma alma caridosa que entende alguma coisa de javanês poderia me explicar o que aconteceu com meus hiperlinks? Um dia são laranja como eu escolhi que fossem e no outro dia, de repente, não mais que de repente, tão aí nesse cinza bizarro que eu não sei de onde surgiu. Não fui eu que mexi no código fonte e quando dei uma olhada lá, tava tudo como sempre foi. Será que é coisa do Capeta???

help me please!!
posted by Arlequina @ 12:15 PM   0 comments
 





3.09.2008

 
Coisas que eu preciso fazer antes de morrer (reloaded)

1. Saltar de para-quedas
2. Conhecer a Itália
3. Conhecer a França
4. Conhecer algum país escandinavo
5. Ver pelo menos uns 10 castelos de verdade
6. Conhecer o Stonhedge
7. Ir à Índia e provavelmente odiar tudo, que nem no Opiário
8. Morar um tempão em Nova Iorque
9. Fazer um (aliás, mais de um) filme que eu goste de VERDADE
10. Ir a um show do U2
11. Ter um cachorrinho da cofap chamado Oswaldo
12. Ter um pug chamado Lancelote
13. Escrever um livro
14. Tomar banho de cachoeira
15. Passar um carnaval em Veneza
16. Ir a uma Oktoberfest
17. Ir a uma festa do boi no Norte do Brasil
18. Andar de tiroleza
19. Assistir O Poderoso Chefão 3 (só consegui agüentar até o 2)
20. Fazer um anjinho de neve.
posted by Arlequina @ 11:51 AM   0 comments
 




il libretto

 

Rss


"Em qualquer terra em que os homens amem. 
 Em qualquer tempo onde os homens sonhem.
 
                                                        Na vida."

Máscaras - Menotti del Picchia

 

outros palhaços

 

Ai Minha Santa Aquerupita!
By Julia
Meu Melhor Amigo Gay
Quero te pegar sóbrio
Cara de Milho
Humano e Patético
Bodega da Loli
Café e Cigarros
Flor de Hospital
Diário de Trabalho
Homem é Tudo Palhaço
Vida Bizarra
A Casa das Mil Portas

 

clap

 

Opera Bufa
Desenblogue
Pérolas para porcos
Piores Briefings do Mundo
Malvados
Vida Besta
Omelete
Danilo Gentili
Wagner & Beethoven
Ryotiras
Vai trabalhar, vagabundo!
Follow the Colours
Design On The Rocks
Puta Sacada
4P
Anões em Chamas
Kibe Loco

 

o carnaval que passou


julho 2005

agosto 2005

setembro 2005

outubro 2005

novembro 2005

dezembro 2005

janeiro 2006

fevereiro 2006

março 2006

abril 2006

maio 2006

junho 2006

julho 2006

agosto 2006

setembro 2006

outubro 2006

novembro 2006

dezembro 2006

janeiro 2007

fevereiro 2007

março 2007

maio 2007

junho 2007

julho 2007

outubro 2007

novembro 2007

dezembro 2007

fevereiro 2008

março 2008

abril 2008

maio 2008

junho 2008

julho 2008

agosto 2008

setembro 2008

outubro 2008

novembro 2008

dezembro 2008

janeiro 2009

fevereiro 2009

março 2009

abril 2009

maio 2009

junho 2009

julho 2009

agosto 2009

setembro 2009

outubro 2009

novembro 2009

dezembro 2009

janeiro 2010

fevereiro 2010

março 2010

abril 2010

maio 2010

junho 2010

julho 2010

agosto 2010

outubro 2010

novembro 2010

dezembro 2010

janeiro 2011

fevereiro 2011

março 2011

abril 2011

maio 2011

junho 2011

outubro 2011

dezembro 2011

janeiro 2012

março 2012