12.27.2009
Não farei uma retrospectiva.
 
Se 2009 tivesse sido perfeito, ele não teria começado dia primeiro de janeiro com uma ressaca desgraçada e a vaga lembrança da festa de Reveillon mais deprimente da minha vida. Não. Ele teria começado em fevereiro, no Mardi Gras, e eu já estaria de cabelo vermelho novamente usando a fantasia de arlequina mais bonita que já tive. A festa de reveillon teria sido na Bourbon Street, muitas pessoas me jogariam colares roxos – mesmo sem pagar peitinho! – eu mochilaria sozinha pela primeira vez, seria hospedada por desconhecidos, descobriria a canadense mais fofinha do mundo e ficaríamos super amigas pra sempre. Aí eu teria acordado em Hollywood indo pro Universal Studios Park andar em montanhas russas virtuais onde escaravelhos egípcios passariam no meu rosto e uma Maggie Simpson gigante me engoliria. Quando saísse do parque, pegaria um táxi pra casa da Miranda no Brooklin, e lá estariam todos aqueles novaiorquinos malucos e bipolares me esperando pra comemorar meu aniversário na Rubulad Party, juntamente com um alemão tímido que me daria de presente o meu próprio filme do Woody Allen na cidade mais espetacular do mundo. E quando eu estivesse andando por aquelas ruas pensando seriamente em nunca mais sair dali, passaria por um bar brasileiro e ouviria uma roda de samba tocando Ai que Saudades da Amélia e me lembraria que já era hora de voltar pra casa.


Então eu deixaria Miranda chorando com dor no coração, mas pegaria um metrô na Smith Station e desceria na Estação Glória, onde estariam me esperando Júlia e Loli com uma Brahma numa mão e uma caipirinha na outra. De lá, Loli já me arrastaria pro Democráticos, onde Iolanda apareceria vinda de São Paulo toda sorridente, apesar de não gostar de samba. Como ninguém é mutante e descansar é preciso, a gente daria uma paradinha pra ver o pôr-do-sol olhando a Baía de Guanabara no Barurca e então eu ligaria pra Jú e correria pro The Maze, porque o jazz já estaria começando e a Guanabara também é linda vista de noite e de cima, do alto da Tavares Bastos, com um jazz gostoso tocando no fundo. Aí eu me distrairia conversando com um americano LINDO sobre como o Brasil é milhões de vezes melhor que o país bizarro dele e quase perderia a hora pra encontrar com Daniel que já teria chegado em Copa e poderia estar assustado porque era a primeira vez que vinha ao Rio. Mas antes que ele voltasse pra Aracaju, faria questão de levá-lo a Rocha Miranda. E lá estaria minha família que eu amo e sempre está lá, com um integrante novo de dois anos megafofinho e chorão que me detesta, mas que eu amo mesmo assim (talvez até mais ainda por causa disso).


E apesar da festa de família estar muito boa, infelizmente eu teria que correr pro Maracanã pra ver o jogo comemorativo dos 111 anos que o Vasco não ganha um título de aniversário do Vasco, muito contra a minha vontade, mas sabendo que o sacrifício valeria a pena porque Anderson teria vindo de São Paulo pra ver essa porcaria de jogo e eu, que estava morrendo de saudade dele, o veria muito, muito feliz. E ele iria embora me lembrando que já era segunda-feira e eu começaria o meu curso de Redação na ESPM que me daria a certeza de que é isso mesmo que eu quero ser, custe o que custar, demore o tempo que for. E pra me provar que no mundo da Publicidade boêmios também podem ser bem sucedidos, o Anderson me apresentaria virtualmente a versão masculina da minha Pomba Gira, que acabaria se tornando a alegria do meu MSN. Começaríamos até a conversar sobre um possível encontro na vida real, mas isso teria que esperar porque meu irmão entraria no quarto dizendo que ganhamos uma viagem com tudo pago pra Buenos Aires e imediatamente eu botaria a mochila nas costas de novo e partiria pras pracinhas lindas de Recoleta, sentindo aquele frio gostoso, vendo aquela gente linda, tomando vinho tinto e me sentindo chique.


Até pensaria em ficar em Buenos Aires pra sempre, mas já tinha assumido o compromisso de levar meu paulista amigo virtual pro Maracanã pra ver o São Paulo perder do Flamengo, então voltaria pro Rio. Ele quase que ficaria triste com o resultado do jogo, mas, saindo de lá, embarcaríamos pra feijoada da Portela e depois esticaríamos pra Lapa e ele voltaria pra SP mais carioca que nunca, quase torcendo pro Flamengo, mesmo sem admitir.


E já que eu estaria usando vermelho e preto mesmo, depois de deixar o paulista na rodoviária iria pra Gávea com a Ju ver a final do Brasileirão, tendo o imenso prazer de descobrir que, quando o Flamengo vira Hexa, é carnaval no Rio e a cidade inteira se transforma no mesmo bloco rubro-negro festejando alegremente pelas ruas.


Mas, mesmo cariocando desse jeito, sentiria tanta falta de São Paulo que da Gávea pegaria um ônibus direto pra rua dos Pinheiros pra ver meus indies lindos que dizem “meu” e “nuooossa” e dar a oportunidade pro paulista ex-amigo-virtual-agora-real de retribuir a ciceroneagem, me levando pra Vila Madalena, Augusta, ensaio da Vai-vai, Museu do Futebol, etc etc. Mas Reveillon na Paulista é baixo-astral demais, portanto precisaria voltar pro Rio.


Então quando chegasse ao Rio pra ver o ano acabar com a queima de fogos mais famosa do mundo, encontraria meu casal preferido que veio de carro de Aracaju pra me dar um abraço de feliz ano novo, e assim começaria 2010 extraordinariamente feliz.


Se 2009 tivesse sido perfeito, ele teria sido assim, desse jeito, sem nenhuma brechinha pro vazio que me causa a estranha sensação de que estou parada no mesmo lugar, o meu tempo está passando e eu desperdiço meus dias sem fazer absolutamente nada.
posted by Arlequina @ 9:21 AM   4 comments
 





12.24.2009
Injustos
 
Tenho um sobrinho de 2 anos. Depois dele, a pessoa mais nova da minha família é meu irmão, de 23. Chego em casa hoje carregando um embrulho bem grande com formato indefinido. Era um joão-bobo, daqueles que eu nem sabia que ainda faziam.

Passo pela cozinha.

Minha mãe: O que é isso??
Eu: Um joão-bobo.
Minha mãe: Pra quem?
Eu: Como assim pra quem? Pra quem eu poderia dar um joão-bobo de natal??
Minha mãe: Sei lá, vindo de você eu não duvido de nada...

Sigo caminho até a sala.

Minha prima: Nossa, que grande! O que é isso???
Eu: Um joão-bobo.
Minha prima: Pra quem?
Eu: Mas será possível??? Quem mais nessa casa além do Bochecholhudo poderia ganhar um joão-bobo??
Minha prima: Sei lá, eu espero qualquer coisas dessas suas piadas estranhas...

Caso ainda esteja em tempo, gostaria de pedir um pouco de crédito nesse Natal. Pelo visto é o que eu mais to precisando aqui em casa.
posted by Arlequina @ 11:55 AM   2 comments
 




il libretto

 

Rss


"Em qualquer terra em que os homens amem. 
 Em qualquer tempo onde os homens sonhem.
 
                                                        Na vida."

Máscaras - Menotti del Picchia

 

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Homem é Tudo Palhaço
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