Hoje eu quero dormir abraçando todas as melhores e as piores lembranças que eu tenho de você. Elas nunca me deixaram, na verdade. Desde que te conheci numa rodoviária eu já fui a muitos lugares, mas elas sempre vieram comigo. Não vou dizer que é involuntário. Não subestimo assim a minha vontade. Elas vêm comigo porque eu quero traze-las. Porque elas são uma parte tão grande do que eu sou, que eu não conseguiria deixa-las no caminho.
Hoje eu quero dormir abraçando as melhores e as piores lembranças de você porque elas me divertem. Eu lembro que te idolatrei e acho graça. Lembro que pedi, implorei, exigi de você o que você não me dava simplesmente porque não tinha. E morro de achar graça do que agora é tão óbvio. Lembro do altar que fiz pra você e do desespero que eu sentia ao olhar pra ele e vê-lo vazio. Um altar, veja só. Duas crianças. Uma só sabia amar machucando e outra só sabia amar sofrendo. Deu certo enquanto foi assim. Deu certo até que eu começasse a achar graça.
Hoje eu quero dormir abraçando as melhores e as piores lembranças de você, só pra sentir o prazer de saber que tudo mudou. Eu vejo seus defeitos e eles não me pesam, não me machucam, sequer me incomodam. Agora que você não é meu ídolo, você já pode ter defeitos. Agora que tenho tanta vida, você não precisa me chamar pra sua. Eu não espero nada de você. Eu não quero nada de você. Eu não preciso de você.
Mas hoje eu quero dormir abraçando as melhores e as piores lembranças de você porque, a despeito de qualquer mudança de texto, roteiro e cenário, apenas três coisas continuam exatamente como eu me lembro:
1. Eu sempre vou amar você. 2. Eu queria que você estivesse aqui. 3. Você nunca vai estar. |