8.26.2010 |
Descuido ou Poesia
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Pode ter sido coisa de adolescente, como tantas coisas são. Um momento que acontece na vida das pessoas normais, pouco antes dos 20 anos. Muita energia e pouco foco. Vontade de viver uma história mirabolante, de se entregar a algo, de conquistar qualquer impossível, desafiar limites. A realidade como ela é começa a ser descoberta e precisa de um sonho hollywoodiano pra continuar engolível. É nesse momento de vulnerabilidade que a gente se descuida e inventa amores. O mundo é grande e solitário, com pouca ou nenhuma certeza. Crio um sentimento e então tenho a certeza de algo: amo. Amo e é pra sempre. Tenho uma história. Vivo. Tenho o que contar nas rodas de conversa, enfrento as horas de tédio e até aproveito pra adiar uma decisão de verdade, na espera de ser tomada. Todos gostam de alimentar uma história única bem pessoal pra dar, se não sentido, leveza à vida. Principalmente eu.
Ou pode ter sido Deus. Que um dia, há muitas vidas atrás, decidiu e arranjou esse encontro de almas. Pode ter sido o maior dos amores, que não gasta, não acaba, se renova e se reencontra várias vezes. O amor que nasceu antes de existir qualquer filme ou qualquer Hollywood, antes de haver qualquer filosofia ou sentido de qualquer coisa. O amor que esnoba a busca pelo sentido de qualquer coisa porque é independente e maior que tudo isso inventado depois dele. Amor que deseja tanto ser feliz, que não sabe separar fim da felicidade e começo do sofrimento, mistura tudo e vive em euforia. E depois se acalma, sossega, mas nunca esquece e continua amando. E vira uma história linda que mora eternamente em uma alma, indo junto aonde ela for.
Poder ser descuido ou poesia. Mas o que quer que seja, é sempre você.
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posted by Arlequina
@ 4:22 PM
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8.19.2010 |
Winner
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Ela coleciona troféus. Em uma estante muito enorme, do tamanho da mania que ela tem de achar que o máximo de si nunca é o suficiente. Ela sabe dançar, mas se recusa a dançar o que não sabe. Fala quantos idiomas mesmo? Acho que cinco. Não torce pra time nenhum, eu acho, mas discute futebol. Degusta cerveja. Fica toda elétrica quando bebe café. Ela tinha de tudo pra ser princesa do mundo dela, até a timidez certa. Mas veio com aquela maldição estranha, uma eterna vontade de ver como é ali daquele lado. A maldição cujo efeito colateral é fazer de você sempre um estrangeiro. Sei bem como é.
Um dia, ela veio parar no mesmo mundo que eu. Viu que gente nem sempre combina, nem sempre fala baixo, nem sempre usa bege e nem sempre está certa. Um deslumbre fofo, que alimenta decisões surpreendentes. Ela sempre surpreende, todo dia ou quase. Age como se estivesse dizendo um dois três e já a cada cinco minutos. Tudo é um grande passo que dá um frio na barriga e ela encara. Descobre alguma coisa nova sobre ela mesma, e a gente também. É divertido. E às vezes entra em pânico, é engraçado.
Ela entra em pânico porque nesse mundo tá bem difícil de ganhar um troféu. Eu queria que ela soubesse que eu sei que ela vai conseguir sim. Estarei aplaudindo, na fileira dos clichês. E gritando eu disse! Mas sei disso com uma dorzinha, porque conheço a maldição. Ela vai descer direto do pódio pra outro mundo novo. E eu não vou ter mais uma Rory Gilmore na minha vida. |
posted by Arlequina
@ 5:55 PM
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