Meu ficante vai morar na China. Não que eu esteja apegada ou apaixonada, mas não gostei da notícia. Um que ficantes fixos não são fáceis de arranjar e dois, FAZER O QUE NA CHINA? Aqui tem a Liberdade, tem yakisoba, tem pug. Ficaê!
Então fui resmungar pra minha amiga cosmopolita e ela comentou "Veja que legal morar na China, eu iria." EU NÃO. Não largo minha vida por aventura nenhuma em lugar nenhum. Quero ficar aqui e quero todo mundo aqui comigo. Egoísta pride forever.
Foi quando me toquei de que o problema não é o ficante, nem a China e nem sequer há um problema. A questão é que, pela primeira vez na vida, eu não quero sair de onde estou. Pra quem sofre da síndrome de Álvaro de Campos e sempre se sentiu estrangeiro onde quer que fosse, isso é uma descoberta INCRÍVEL. Eu não quero sair da minha casa nem da minha cidade (porque a essa altura São Paulo já é minha). Não quero perder nenhum elemento da minha vida, porque ela está linda e divertida. Não quero partir em busca de aventuras porque a aventura de AGORA é a melhor de todas que já vivi. Não sinto falta de nada. Nenhuma lembrança dói. Nem a Baía de Guanabara, nem o Rockefeller Center. Me orgulho das minhas fotografias e quero tirar muitas outras. Mas encontrei a minha vida: é essa. E saber que não preciso mais partir em busca dela - nem na China, nem na Índia, nem na Itália, nem no Chile - é um alívio que nunca experimentei antes.
Continuo estressada. Continuo ansiosa. Continuo nervosinha. Continuo mal humorada. Mas, pela primeira vez na história, sou feliz por estar aqui. |