Não mexa com as minhas negas. Sério. Não é ameaça, é um alerta. Eu não vou fazer nada porque, no fim das contas, nem tenho tanto saco pra ser inimiga. Sou uma amiga muito mais dedicada. O máximo que posso fazer por ódio é gritar, espernear, te expor ao ridículo e talvez até queimar você com um cigarro (caso eu volte a fumar e circular sem qualquer bom senso, como outrora). Mas, fora isso, sou inofensiva. Perigosas são elas.
Minhas negas não saem pra enfeitar mesa de bar, nem fazem figuração em novelinha mixuruca. Elas sabem escrever, dirigir e atuar na própria trama. Minhas negas riem muito, mas não riem de qualquer piada. Pode ser que elas riam de você, porque você é ridículo. Mas, normalmente, elas riem é delas mesmas, porque elas são assunto mais interessante. Minhas negas sabem aonde vão e caem infinitas vezes no caminho. Caem estateladas, sem nenhuma classe, pagando calcinha, ralando o joelho. E levantam sem a sua ajuda, pra depois cair de novo (sem a sua ajuda também). Minhas negas fazem cinema, fotografia, artigo, mestrado, doutorado e macumba. Minhas negas entendem de samba, suam e tomam cerveja. Minhas negas não têm medo de chorar na rua.
Minhas negas tão por aí pelo mundo. Sorridentes, lindas e, no geral, até simpáticas. Mas ó... se eu fosse você não mexia com elas não.
Tá avisado.
“Pode o tempo
Marcar seus caminhos
Nas faces
Com as linhas
Das noites de não
E a solidão
Maltratar as meninas
As minhas não
As meninas são minhas
Só minhas
As minhas meninas
Do meu coração”
(Chico – As Minhas Meninas) |