2.28.2011
Livro aberto
 
Tem gente que gosta de viver romance. E passa metade da vida a espera de uma grande história romântica pra chamar de sua e que dure a outra metade até pra sempre. Acho bonito, sou a favor do romance no mundo. Mas eu vivo contos e vou explicar por que.

Romance tem muitas páginas, é linear e, se não for muito bem escrito, pode ficar enfadonho. Já o conto, mesmo quando é chatinho, eu sei que dificilmente passa da página 32. Tem romance que realmente não acaba, então você já sabe o final. Pra mim, saber o final é sem graça. Tem romance que acaba e eu já sabia que esse seria o final. Sem graça. Tem romance que acaba de surpresa e não tem como isso não ser frustrante. Não lido bem com frustração.

Contos não precisam ter lição de moral. Pode vir com uma grande ironia da vida e virar crônica, que é divertido. Pode terminar mal, ou terminar de surpresa também, mas quem se importa, foi só um conto, depois tem mais. Pode às vezes emendar com outro conto e ficar meio confuso, é preciso certo equilíbrio. Pode também parecer que é conto meu e ser de outra pessoa. Aí dói um pouco, mas o romance também não tá livre desse porém.

Minha vida é um livro de contos. De carnaval, de viagens, de fins-de-semana, de ano novo. Eu juro que faço o máximo pra eles serem divertidos e leves, às vezes até românticos - mas sem o peso de um romance, sabe? Nem sempre dá certo, mas é assim que eu vivo.

Aí vem você que, ao invés de se preocupar em escrever a porra do seu romance, quer dar uma de crítico sobre o meu estilo literário. Eu vou te mandar desentrosar, sabe por que? Não é nem pelo fato da história ser minha e eu ter o direito de escrevê-la do jeito que eu quiser. Também nem é por ser chato pra caralho gente me dizendo verdades sobre a minha vida. É porque, seu besta, caso você não tenha se tocado, meus contos também dependem da existência de outros personagens, que nem o seu romance. Então não precisa se ofender, porque eu sou tão carente quanto você. Se um dia eu começar a escrever monólogo, mas um monólogo que não seja amargo nem enfadonho... se um dia eu começar a escrever monólogos divertidos e felizes, como só os gênios sabem fazer, aí sim você pode se irritar comigo. Porque auto-suficiência no livro dos outros é sempre muito irritante. E é só isso que eu invejo.   
posted by Arlequina @ 5:02 PM   2 comments
 





2.23.2011
Amor é outra coisa
 
Assim como a grande maioria das pessoas que conheço, tive uma criação cristã e uma mãe dramática. Mas, ao contrário da maioria dos brasileiros, sou privilegiada por nunca ter precisado viver com menos que o necessário. Mesmo assim cresci questionando a disposição das peças no mundo que me cerca. Por um momento deixei me convencerem que caridade e submissão fariam de mim uma pessoa melhor. Paciência era uma virtude que eu precisava desenvolver. Nasci egoísta e isso era um crime pelo qual precisava pagar.

Um dia Dogville chegou a mim. E nele eu vi muito mais do que uma revolução estética. Eu vi Grace... e nela me vi. Querendo consertar o mundo e sendo engolida pela minha própria arrogância, por me acreditar ser capaz de assumir essa responsabilidade. Grace e seu pai vieram me contar que culpa não é bondade e não se conserta as pessoas estimulando o que elas têm de pior. Aliás, não se conserta pessoas. Elas não são problema meu.

Em uma entrevista sobre outra de suas criações, Lars Von Trier declarou que ele é o melhor diretor do mundo, já Deus, ele não estava certo de ser o melhor deus. Bem, não sei nada sobre Deus, mas é a Lars Von Trier que agradeço por ter me absolvido da culpa de ser humana. E não ter receio de, quando eu achar que for preciso, matar a todos e queimar a cidade.

Dogville fez de mim uma pessoa diferente. Se melhor ou pior, depende do ponto de vista. Só sei que to precisando assistir de novo. 


posted by Arlequina @ 2:46 PM   3 comments
 




il libretto

 

Rss


"Em qualquer terra em que os homens amem. 
 Em qualquer tempo onde os homens sonhem.
 
                                                        Na vida."

Máscaras - Menotti del Picchia

 

outros palhaços

 

Ai Minha Santa Aquerupita!
By Julia
Meu Melhor Amigo Gay
Quero te pegar sóbrio
Cara de Milho
Humano e Patético
Bodega da Loli
Café e Cigarros
Flor de Hospital
Diário de Trabalho
Homem é Tudo Palhaço
Vida Bizarra
A Casa das Mil Portas

 

clap

 

Opera Bufa
Desenblogue
Pérolas para porcos
Piores Briefings do Mundo
Malvados
Vida Besta
Omelete
Danilo Gentili
Wagner & Beethoven
Ryotiras
Vai trabalhar, vagabundo!
Follow the Colours
Design On The Rocks
Puta Sacada
4P
Anões em Chamas
Kibe Loco

 

o carnaval que passou


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