6.08.2008 |
|
Coisas que eu aprendi em 5 dias de Tacoma:
- O café americano tem gosto de água suja e o único que presta é o expresso da Starbucks que é um horror de caro;
- Aqui no verão praticamente não anoitece! Incrível, nove da noite e o céu parece de 4 da tarde. E amanhece cedão também. Mas Danilo falou que, em compensação, no inverno 4 da tarde já tá escuro e que é meio triste;
- A quantidade de rapper aqui é diretamente proporcional à quantidade de pagodeiro na Bahia. Meu deus do céu, como tem rapper! E eles são feios e toscos que nem em filme mesmo. A maioria é gordaço, andam com aquelas calças 50 números maior, caminham feito um primata apertado pra cagar e mexem comigo (provavelmente por causa dessa cara de latina que me entrega logo). Pelo menos eu sempre tenho a desculpa de "I'm sorry, I don't speak english, sir. What? Sorry? I'm sorry, sir, I don't understand...". Acho que quando voltar pro Brasl vou adotar essa estratégia pra me livrar de mala;
- Eu sou a única ruiva de farmácia de Tacoma. Coisa mais estranha! Todo mundo comenta meu cabelo, como se fosse uma coisa MEGA inusitada pintar o cabelo todo de vermelho. Só to vendo como vou fazer quando chegar a hora de retocar, aí a merda... Acho que vou ter que importar tinta do Brasil. Que coisa;
- A cerveja aqui é boa e barata;
- Aqui tem uma lei que diz que não pode vender álcool depois de duas da manhã em lugar nenhum, nem no super mercado. A penalidade é bizarra, inclui multa e ter que fechar o estabelecimento por não sei quanto tempo. E a polícia toma conta mesmo, eu já vi! Só que o engraçado é que deu duas da manhã, os garçons vêm e tiram o que vc ta bebendo da sua mão na moral e levam embora! Assim, na moral mesmo!! É duas da manhã e NEM UM MINUTO A MAIS. Eu hein, gente mas rigorosa;
- Como tenho o dom de me meter em cocó, mal chego e já começo a explorar todas as possibilidades de entrar em roubada aqui. E até agora tenho encontrado algumas, viu...
|
posted by Arlequina
@ 10:29 AM
|
|
|
6.04.2008 |
|
Achei que não havia caído a ficha enquanto ainda estava em Aracaju, por não ter tido nenhuma crise de pânico, ansiedade ou sequer de choro. Pensei que choraria no aeroporto, quando me despedisse da minha mãe e de alguns amigos que foram me levar. Não chorei. Então tive certeza de que choraria no avião indo pro Rio. Não chorei. Chegando ao Rio fui surpreendida pela minha tia-avó-mãe, meu primo-irmão e meu irmão-irmão-mesmo. Conversaram, desejaram boa sorte, abraçaram, entrei no embarque internacional e “aaah, agora sim vou chorar”. Não. Dormi feito um anjo praticamente o vôo inteiro do Rio pra Atlanta, sem precisar nem cogitar a possibilidade de botar a mão no meu estoque de calmante sempre ao alcance.
Então passei pela migra. Passei tranqüila como quem não está fazendo nada de errado e tensa como quem espera ser julgada por pessoas que partem do pressuposto de que sou uma prostituta contrabandista terrorista. Não fui. Acho, inclusive, que o cônsules americanos que trabalham no Brasil deveriam fazer um curso de educação e simpatia com os oficiais da imigração do aeroporto de Atlanta. O entrevistador ainda fez uma gracinha dizendo que eu deveria ser modelo (q!) e as moças negras-com-cara-de-filme que fazem o re-checkin elogiaram a cor do meu cabelo e, quando eu virei de costas, juropordeus que ouvi uma delas dizendo “Oh, yeah, she IS a latin” (Q!!). Fui no balcão de informação e o atendente, quando soube que eu era brasileira, abriu um sorrisão e disse "Oh, I'm sorry about this weather. We should have a beautiful sunshine to you!" (Q!!!!!). Já tinha ouvido falar que brasileira rocks around here, mas não sabia que era pra levar TÃO a sério. Ok, fico eu com meu estereótipo físico que eles devem achar típico de brasileira (leia-se bunda enorme que eu odeio), mas por enquanto extremamente confortável e até divertido.
E agora to aqui, recarregando o computador, esperando o vôo que parte pra Seattle onde Danilo vai me buscar. E não chorei. Cogitei a possibilidade de ter me transformado em pedra de tanto assistir House. Mas não. Não é um não-choro de pessoa insensível que não vai sentir falta dos MARAVILHOSOS momentos que passou na cidade onde conheceu os MELHORES AMIGOS DO MUNDO. Não é isso.
É um não-choro de quem finalmente saiu de Aracaju, de quem finalmente saiu da casa do pai com a cabeça erguida e com mérito próprio, de quem finalmente sente que está virando gente grande de verdade, de quem finalmente vai tomar as rédeas da própria vida. É um não-choro de quem está começando a fase pra qual se preparou todos esses 25 anos. Um não-choro de quem sabe muito bem que está preparada. Um não-choro de alívio. Um não-choro de finalmente.
|
posted by Arlequina
@ 12:54 PM
|
|
|
|
|