12.15.2008 |
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A grama do meu vizinho é mais branca
Uma coisa que sempre me questionam é sobre o clima do Brasil. Falam como se fosse uma coisa maravilhosa passar o ano todo debaixo daquele sol do inferno, suando feito porco por causa da nossa privilegiadíssima umidade. Ok, tem gente que gosta. Danilo, meu amigo que veio pra cá primeiro, MORRE de saudade dos malditos quarenta graus. E toda vez que eu dizia que não sentia saudade nenhuma, me falavam "quero ver quando chegar o inverno...". Até mesmo antes de eu sonhar em vir pros EUA, todo mundo dizia que eu só odiava o calor porque nunca tinha passado frio de verdade. Uma mania chata que as pessoas têm de ter certeza absoluta sobre o que eu sinto e o que eu gosto. Mania que eu acho bem irritante, como já comentei por aqui. Pois bem, acho que acabei de passar por uma prova. Hoje a temperatura tá de seis graus negativos e eu acordei, tomei um banho quente, botei duas blusas, um casaco, luva, duas meias, cachecol, tenis e fui lá fora brincar na nve FELIZ DA VIDA!
Adoro frio, adooooro! Adoro chegar em casa tremendo, ansiosa pelo aquecedor e um chocolate quente com Absolut Vanilla. Adoro roupa de frio, bota, cachecol, luva, chapéu, pêlo falso, maquiagem que não derrete, cabelo que não dá frizz e neve, MUITA neve!!! Neve é a coisa mais lindaaaa!!! Quando vi nevar pela primeira vez quase chorei, feito tabaréu.
Sinto saudade dos amigos, das festas de rua, das músicas, das danças. Mas não, não sinto falta do clima tropical. De jeito ALGUM. Coqueiro, sol e maresia é o cacete. Deus me fez pra ser nórdica e me nasceu no lugar errado.
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posted by Arlequina
@ 8:31 PM
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12.13.2008 |
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Vishnu
Além de medo de estabilidade, eu tenho um defeito muito sério chamado apego ao momento. Quando estou vivendo algum momento a qual atribuo algum significado por algum motivo que somente eu entendo e mais ninguém, a minha vida se apaga e tudo, tudo, absolutamente tudo fica ofuscado pela luz daquele momento. O efêmero que pode durar algumas horas, três dias, dois meses, duas semanas, minutos, segundos, não importa quanto dure, desde que eu tenha certeza de que vai ser efêmero o bastante pra eu concentrar as energias que não invisto em nada na minha vida porque elas estão guardadas pra momentos como esses. É tipo a idéia fixa do Emplastro Brás Cubas. Nada mais entra na minha cabeça que não seja relacionado com esse momento. Todo o meu passado se resume a uma pergunta: "como vivi até hoje sem ter tido esse momento?" e o futuro é uma teia de planos em prol da prorrogação do obviamente etéreo. Tudo passa a ser secundário porque o tempo tá correndo e eu não quero admitir que o tempo vai roubar nenhum preciosíssimo segundo do meu momento. Não como, não durmo - principalmente não durmo -, vou de taxi pra chegar mais rápido, passo a noite, troco passagem, não quero ir embora, choro, faço pieguice, tiro foto, escrevo, prometo, abraço, seguro, agarro, não largo nunca mais, é o meu momento, me dá o meu momento, não me tira o meu momento, larga o meu momento porque a minha vida toda agora é esse momento e nada no mundo é mais importante ou faz mais sentido do que isso!
Aí o momento acaba e minha vida acaba junto. Porque de repente o depósito some como plim e a energia fica pairando no limbo sem saber pra onde ir. Onde enfio essa porra dessa energia toda agora? Porque agora posso morrer, agora não quero mais nada, agora só tem escuro, as coisas não fazem mais sentido porque nada dura, nada dá certo, tudo vai embora, o momento foi só ilusão e que besta que sou eu que só faço me iludir, sem ter vida de verdade, sem ter nada concreto, condenada a viver eternamente sem construir nada que não tenha o tempo de uma mosca da fruta, querendo ficar sozinha, querendo ficar trancada, querendo falar com ninguém sobre isso, querendo ler Álvaro de Campos, querendo morrer.
Aí passa e eu esqueço.
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By the way... God bless Canada.
:~
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posted by Arlequina
@ 4:05 PM
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