As vezes fico de saco cheio de tanto ter que explicar que nao falo espanhol, porque no Brasil as pessoas falam portugues, porque nos fomos colonizados por Portugal e blablabla. Mas no fundo, confesso que isso me da um certo ar de peculiaridade que eu ate que curto. As pessoas falam espanhol comigo como se fosse muito obvio que eu fosse entender. E fazem isso se achando o maximo porque sabem falar mais de uma lingua. E eu sempre tenho essa surpresa em baixo da manga. Depois de repetir todo o texto educativo, saio como a estrangeira super unica e o outro sai como o americano ignorante que nem sequer sabe que lingua se fala num dos maiores paises do mundo. Minha moeda corrente nao vale nada e no meu paihs criancas passam fome, mas esse eh meu momento de superioridade, ok? Excuse me.

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Noutro dia vi um filme chamado Battle em Seattle, em Seattle. E no meio do filme, sem que nem por que, um personagem faz uma referencia ao Brasil. Ostentando orgulhosa um folder turistico, ela conta pra amiga que vai passar as ferias no Brasil aprendendo Lambada "a danca proibida", segundo ela mesma ressalta.

Tudo bem que nunca na minha vida vi ninguem dancando lambada no Brasil (deve ser porque eh proibida), a nao ser naquela ehpoca da novela Rainha da Sucata. Mas tem um pedacinho de mim que fica todo alegrinho quando ve referencias ao Brasil. Mesmo que sejam referencias idiotas. Nao eh nem orgulho nem nada. Eh soh uma vontade que da de mandar parar o filme, ir la na frente e dizer "bem pessoal, eu sou brasileira e vou explicar aqui que no meu paihs nao se danca lambada nao, ok? brigada!". E rio por dentro porque, naquele recinto, somente eu sei dessa informacao.

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Que nem naquele episodio de House que ele tava na CIA tentando descobrir pq um cara tava morrendo de causa desconhecida. Como misterio eh sobrenome da CIA, a unica informacao que o House tinha era de que o cara tinha passado nao sei quantos dias na Argentina. No entando, num certo momento, o moribundo conta a ele sobre uma festa de carnaval que durava 40 dias. Aih o House faz aquela cara de quem ta cheirando peido que ele sempre faz quando tem uma epifania e conclui que o detetive tava mesmo era no Brasil. Eu pensei "q!". COMASSIM CARNAVAL DE 40 DIAS??? MEU DEUS DO CEU, QUEM ME DERA!!! Cruz credo, quero nem imaginar! E o melhor eh quando House encontra o chefao da CIA e diz "Seu idiota, voce me falou que ele tava na Argentina! Ele tava mesmo era no Brasil!". E o chefao diz "Qual eh a diferenca?". Claro. Brasil, Argentina, futebol, eh tudo a mesma coisa... Alias, qual eh mesmo a capital do Brasil? Buenos AIres ou Rio de Janeiro? Mas o House explica, botando a cereja no bolo: "No Brasil as pessoas comem castanha-do-para. Que eles lah soh chamam de castanha. Mas esse eh um tipo de castanha que pode causar intoxicacao, como aconteceu com seu agente". PERAIH! O cara vai no Brasil, curte um CARNAVAL de QUARENTA DIAS e volta pros EUA intoxicado DE CASTANHA??? Pelamordedeus ne?

Spoiler


Tava assistindo o episódio de House mais chato de todos os tempos quando de repente, na última cena, ELE BEIJA A CUDDY!!!!!!!!!!!!!!!!!!


HOUSE BEIJOU A CUDDY!!! E foi beijo fofinho bonitinho engraçadinho, sem nenhuma segunda intenção, nenhuma piadinha, nenhuma sacanagenzinha sequer.

FOI BEIJO DE AMOR!

To tão emocionada que vou até estudar antes de dormir.

Por falar no Jesse...

Queria desabafar sobre como o mundo é injusto comigo. É um fato recorrente na minha vida. Toda vez que um cara bizarro, feio e paia se aproxima de mim (e isso ocorre com muita freqüencia por causa do meu magnetismo pra atrair gente esquisita), eles vêm todos cheios de ginga, só no papo reto.

MAS

Quando é um cara bonitinho, simpático, interessante e aparentemente inteligente, é uma calma, uma enrolação, um lero-lero...

POR EXEMPLO

To trabalhando de busser num restaurante. Como todos sabem, cozinha de restaurante nos EUA é navio-chicano. Juropordeus que não se fala inglês em cozinha de restaurante. Muitos lá, inclusive, SEQUER sabem falar inglês. Eu não trabalho na cozinha, mas entro e saio de lá com muita freqüencia. Que todo mundo acha que eu falo espanhol já não é novidade, mas só vendo pra saber o frisson que foi naquela cozinha quando os dishwashers descobriram que tem uma mexicana que não é mexicana. Não adianta eu repetir mil vezes que don't speak spanish, sempre tem alguém tentando falar espanhol comigo. E tem um que parece que assistiu Scarface e achou que poderia encarnar Al Pacino (ou seria o De Niro?) e dar uma de latino lover boy pra cima de muá. Sendo que ele é feio, tosco e tá longe de ter cara de ator de Hollywood. Certa feita, tava eu ocupadérrima com um milhão de mesas e me vem ele:

-Holla, como estás?
-Busy.
-Que horas você sai hoje?
-Dez e meia.
-Eu vou te esperar.
-Anh... ok. Por quê?
-Porque vou te levar pra sair.
-Ah, é? Brigada por me avisar. Mas tipo... vou sair não.

Daí me vem um garçon (ressalto que ele era negro hip hop style e já já vocês vão entender porquê) dia desses querendo saber se eu tinha namorado. Pra desentrosar, falei que tinha. Aí ele me vira e diz "Aposto que ele é negro.". Eu pensei "Q!" e respondi: "Não, querido, ele é loiro. Bem loiro. Tem olho azul e o caralho...". Aí ele me diz singelamente: "O que uma morena bonita como você tá fazendo namorando com um fucking white guy?"

ok.

Mas Jesse, aaah Jesse... bonitinho, simpático, educado, esperto, sarcástico... Jesse não me chama pra sair e nem pergunta se eu tenho namorado. Só me dá olhadinhas, sorrisinhos, pergunta amenidades sobre a minha vida, diz que ama meu sotaque e faz piadinhas se fingindo de bobinho. Papo reto que é bom, nada.

Queria entender porque a auto-confiança dos homens que me cercam é inversamente proporcional ao interesse que eu tenho neles.

POR QUE, MEU DEUS, POR QUÊ???

Se um genio da lampada aparecesse um dia e soh me dese um desejo (e se ele tivesse aquela regrinha esperta de nao valer desejar ter mais desejo) eu pediria pra ter sono soh quando eu quisesse. Imagina que legal seria passar uma semana em plena atividade todas as horas do dia sem sono nenhum. Teria tempo de estudar, trabalhar, fazer hora extra, fazer ginastica, ler, ver televisao, ir ao cinema... Tudo isso continuamente, sem parar pra nada. Aih, quando a cabeca tivesse cansada de funcionar, se tivesse algum problema que me desse vontade de me desligar do mundo ou aquela preocupacao gigantesca que perde muitos quilos depois de uma noite de sono, o Joao Pestana apareceria como magica e me levaria pra Morfeu durante o tempo que eu determinasse. Aih eu acordaria e meu dia taria lah de novo, cheio de horas pra eu fazer o que quiser, com toda a disposicao e bom humor do mundo.

- Mas voce mora sozinha aqui?

- Moro.

- E nao se sente muito sozinha nao?

- Na verdade eu to gostando muito de ter meu espaco, sabe? E eu sou muito implicante, muito chata. Tenho dificuldade de deixar que as pessoas se aproximem muito de mim.

- Eu discordo.

- Anh?

- Nao acho que voce seja assim nao. Voce eh uma pessoa bem doce.

- Mas voce ACABOU de me conhecer. Te garanto que nao sou uma pessoa NADA doce.

- Eh a segunda vez que voce diz que nao eh assim. Pois eu aposto que voce eh muito doce.

- Olha, se eu fosse voce tomava mais cuidado com o que voce vai apostar nisso.

- Ah, eu nao me engano. Posso ver o jeito que voce eh pela sua mao.

- ?

- Eh que eu leio mao.

- ???????!

- Nao leio a palma da mao, porque acho que essas coisas de ler destino eh tudo papo furado. Leio as dobras dos dedos. Porque isso eh cientifico! Se voce aprende a ler dobra dos dedos, voce sabe como uma pessoa eh por dentro. Quer ver soh? Me da aqui a sua mao.

- ...?

(pega a minha mao e, pro meu desespero, nao larga)

- Eu to vendo aqui que voce eh uma pessoa que se faz de durona, mas quando alguem te magoa voce chora por dentro. Finge que nao liga mas por dentro fica arrasada. Porque voce quer que as pessoas gostem de voce, entao se alguem te ofende voce fica pensando "Nossa, porque essa pessoa disse isso pra mim?". E chora escondida depois.

- Tipo... Nao queria duvidar dos seus conhecimentos cientificos nao, mas voce passou LONGE.

- Impossivel, eu nunca erro. Sei exatamente como voce eh.

- Mas, repito, VOCE ACABOU DE ME CONHECER.

- E jah te conheco melhor que voce, ta vendo?

- Pois eh, mas vem ca... E quando as pessoas tao usando luvas?

Tudo bem que esse cara eh soh mais um idiota entre tantos idiotas que a gente encontra ALL AROUND THE WORLD. Mas esse acontecimento casa perfeitamente com uma reflexao que tenho feito esses dias. Posso nao ser muito bem resolvida sobre os caminhos que vou tomar na vida, mas sou extremamente bem resolvida acerca do que eu sou. Sei dos meus defeitos, sei das minhas qualidades e, no balanco geral, gosto de ser assim. Os pontos que nao gosto tento mudar as vezes. Ou as vezes nao. Mas sei que eles existem e, na maioria dos casos, sei porque eles existem. Posso ateh tentar fugir, mas sempre sei que estao lah. Pra mim, sou bastante previsivel.

Eh por isso que me irrito quando alguem tenta me dizer "verdades" sobre como "no fundo no fundo" eu sou, ou sobre o que "no fundo no fundo" eu penso. Nao ha absolutamente NADA sobre mim que qualquer pessoa no mundo possa saber melhor do que eu. Talvez soh Alvaro de Campos. Soh. Mais ninguem. Mas geralmente eu mando se fuder e a vida continua.

Problema mesmo eh quando esperam de mim mais do que eu tenho pra dar. E problema dos outros. Porque sou bastante sincera no que diz respeito aos meus defeitos e qualidades. Se digo que nao sou uma pessoa doce, eh porque realmente nao sou uma pessoa doce e estou muito confortavel comigo mesma nao sendo assim. Mas de vez em quando surge alguem que cisma que ando por aih escondendo minhas qualidades e isso nao faz o menor sentido, ateh porque modestia definitivamente nao eh uma delas. Entao eu aviso, por exemplo, que nao gosto de velho. Aih nego duvida e bota um velho na minha mao. Trato mal o velho porque ter paciencia com velho definitivamente NAO eh uma das coisas que sei fazer. De repente surge uma legiao de afetados reclamando sobre como eu decepcionei toooodo mundo com a minha insensibilidade. Aih querem me convencer de que eu deveria me sentir CULPADA (odeio essa palavra) porque frustrei expectativas que as pessoas usaram do seu proprio livre arbitrio pra colocar em mim, ignorando completamente meus avisos.

Me sinto mal quando causo magoa em gente que gosto. Me sinto mal quando machuco com palavras rudes (e essa eh minha especialidade) amigos e parentes que pedem meu colo. Me sinto extremamente mal quando me dou conta de que fiz algo desnecessariamente egoista e deixei algum amigo no vacuo pela minha falta de nocao. Mas nao venha querer que eu me sinta CULPADA porque nao correspondi as SUAS expectativas.

As expectativas sao SUAS. Voce que lide com elas.