10.30.2009 |
Mangiamo, principessa!
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- Buona sera, bimba!
- Oi, amore! Que saudade... Mal podia esperar por esse jantar.
- Anche io, mio cuore... É um piacere cozinhar pra você, bella bambina mia!
- Ai, eu me derreto toda com esse seu italiano... Fala mais, vai...
- Cosa volete che io parli, principessa?
- Ai, não sei, qualquer coisa...
- Posso parlare di non aver mai amato nessuno così tanto!
- Aaaaai, que lindo, meu amor! Eu também nunca amei ninguém tanto assim.
- Tu sei la più bella principessa del mondo!
- E tu sei o italiano mais gostoso desse universo, meu amor!
- Voglio trascorrere tutto la mia vita con te!
- Eu também, ragazzo, eu também! Vamos casar no Vaticano, passar a lua de mel em Veneza, fazer compras em Milão...
- Come volete, bimba.
- Vamos ter dois bambinos: Alonzo e Pietra.
- Si, si, due belli bambini.
- Ai Dio mio, como eu te amo, meu amor!!
- Quer mais vino, piccola?
- Claro, claro.
- Salute!
- Saúde, amore mio!
- Un pezzito di pau?
- Anh?
- Pau.
- Pão!
- Isso, principessa. Pau.
- Pão. Aaaaaaão. Repita comigo: ão.
- Au.
- Aaaão.
- Aaal.
- Como se fala pão em italiano?
- Pane, principessa.
- Então fala pane mesmo.
- A pizza é pronta, amore.
- Ai, eu aaaamo pizza! Que cheiro bom, bambino! É de quê?
- Marguerite.
- É minha preferida, meu amor!
- Bon appetit, bimba.
- Mas amore... tem ketchup?
- Chè?
- Ketchup... ai, como se diz ketchup em italiano? Não sei... ketchup, pomodoro...
- Mas já há molho na pizza, principessa!
- Eu sei, mas eu gosto com ketchup também.
- Mas prova o molho primeiro.
- Por que? Eu sei que vou querer ketchup de qualquer jeito.
- Ma chè!
- Ma chè o quê?
- Não precisa de ketchup!
- Mas a pizza é minha, sou eu que vou comer, eu como do jeito que eu quiser!
- Mas foi io que fiz la pizza! Com tanto carinho para te!
- E eu agradeço e vou comer tudinho! Mas só como pizza com ketchup.
- Cazzo! Ninguém vai botar qualcuno ketchup na mia pizza!
- Não é na sua, é na minha! Deixa de ser chato, que saco!
- Questa è una mancanza di rispetto per il cuoco!
- Num to entendendo nada, querido. Fala em português e me dá o ketchup.
- Non há ketchup!
- Então não como a pizza!
- Ma chè?!
- É isso mesmo.
- Sei uma bambina molto mimada! Tutto deve ser come tu vogli!
- Mimado é você, seu filhinho de mamãe.
- Cosa parla acerca di mi mama??
- Parlo que ela te criou cheio de frescura. Metido!
- Non parlare della mia famiglia, porca putana!
- Porca putana é o cacete, bambi de merda!
- Bagachia! Zoccola!
- Enfia essa pizza no rabo!
- Fuori di casa mia!
- Com muito piacere, idiota!
- Vaffanculo!
- Vai você! |
posted by Arlequina
@ 10:27 AM
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10.16.2009 |
Você também me lembra a alvorada
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Mau humor. De fato, a situação tá ruim assim mesmo, como parece. O tempo está acabando, o cerco está fechando, não há muito o que fazer a não ser esperar por um milagre que vai jogar a vida pra onde eu quero que ela vá, já que eu mesma tô a um passo de largar o guidão. To irritada, to estressada, to chateada, to incomodada, to fechada, to ignorante, to reclusa, não to de TPM, to no banho e o telefone toca.
- Alô.
- Tá de mau humor né?
- Como você sabe?
- Eu conheço o seu alô mal humorado.
Medo.
- É que eu tava entrando no banho.
- Só isso?
- Não. To de mau humor.
- Mas vai melhorar agora!
- Por que?
- Porque amanhã a gente vai na Mangueiraaaa!
- Q?
- Mangueiraaa!
- FAZER O QUÊ??
- É festa de lançamento do samba-enredo do carnaval do ano que vem!
- É?
- É!
- É perigoso andar lá de noite!
- A gente vai cedo.
- E como a gente vai voltar?
- Não volta!
- Não volta?
- Não volta! Sambamos até de manhã e voltamos quando estiver claro.
- Até de manhã?
- ATé de manhã! Alvorada lá no morro, que beleza... Ninguém chora, não há tristeza... Ninguém sente dissabor...
- Então vamo!
- Formô!
- Formô!
- Amanhã te ligo, então!
- Valeu!
Graças a deus que, dentre tantos lugares no mundo pra eu estar desesperada, eu estou desesperada no Rio. E em ótima companhia...
Sorte minha. =) |
posted by Arlequina
@ 2:10 PM
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10.14.2009 |
Cuaderno de Pesca – Parte 2 – O Centro
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Quem não tem Barcelona...
Amo cidade grande. Amo o caos e corre-corre do centro de cidade grande. Amo o contraste, a loucura, os desencontros e as surpresas do centro de cidade grande. E, além disso tudo, o Centro de Buenos Aires tem charme.
Os prédios que dão a impressão de se estar em Barcelona, mesmo pra quem, como eu, ainda não teve a sorte de ir a Barcelona. As fachadas art nouveau tão conservadas que parecem ter sido construídas anteontem, ou parecem que os anos 20 foram anteontem e eu estive lá tomando vinho com Carlos Gardel. As multidões de porteños cheios do charme e elegância de quem perdeu posição econômica, mas ainda mantém a espinha ereta. Porteños...
Porteños: futebol, política e mullets
Aliás, sabe por que os homens porteños usam mullets? Porque podem. Duvido que qualquer outro ser humano no mundo fique bem com esse corte de cabelo. Mas, impressionantemente, esses lindos príncipes esbeltos, alvos e de olhos azuis, continuam charmosos mesmo com aquela sobra de cabelo nonsense na nuca.
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Obviamente o Maradona é uma exceção.
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Eu tirava foto de uma pintura tosca escrita Mi Buenos Aires Querido numa banca de jornal, quando um velho desconhecido parou perguntando se eu era brasileira, se torcia pro Flamengo, se conhecia Brasília. Não que ele estivesse necessariamente interessado em alguma resposta, porque falou sem parar sobre Buenos Aires e Brasil num castelhano até bem fácil de entender e, depois de uns dez minutos de monólogo, disse que estava muito apressado e foi embora, me deixando com cara de “anh?”.
Pelo menos dentro da minha experiência, o senhor falante não foi uma exceção. Os porteños que cruzaram meu caminho me pareceram simpáticos, educados e prestativos. Nada daquele mito do arrogante nojento que circula por aqui.
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E é de tardezinha que os protestos começam na Plaza de Mayo, na 9 de Julio, na Cordoba, em todo lugar. Contra a corrupção, aumento de qualquer coisa, falta de moeda, injustiça social, perigo no trânsito, bueiros abertos, sucateamento de alguma faculdade, não importa. O porteño sempre tem um motivo pra fechar uma rua e organizar uma passeata. Eles carregam faixas, pintam a cara, gritam, berram, cantam, batucam e pouca gente dá atenção. Aparentemente, grupos de protesto ficaram tão banais nas avenidas do Centro de Buenos Aires, que passam batido pelos não engajados. Estes andam pelas ruas desviando de passeatas no caminho como quem desvia dos dançarinos de tango que se apresentam na rua Florida em troca de gorjeta dos turistas. De certa forma, é meio triste.
Coisas estranhas
Era uma vez, um planeta muito distante chamado Azazel. Um belo dia, alguns dos seus habitantes foram selecionados para a nobre missão de espalhar o caos e a destruição na Terra. Após ganharem corpos e formas humanas, seguiram dentro de um foguete para o centro de treinamento chamado Brasil. Por algum descuido, o foguete acabou caindo em um buraco negro conhecido pelos terráqueos brasileiros como Aracaju. Apesar do ambiente extremamente desfavorável, a família Azazel vingou, cresceu e dispersou-se. Hoje podem ser encontrados em vários pontos estratégicos do mundo, cumprindo a nobre missão para a qual foram enviados. De vez em quando, por acidente ou destino, acabam se cruzando em locais aleatórios e improváveis.
E foi assim que eu andava tranqüilamente nas ruas de Buenos Aires, quando ouvi um “Hola!”, virei pra ver, e era a Marcela.
Buenos Aires, 01 de Outubro de 2009.
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posted by Arlequina
@ 1:31 PM
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10.08.2009 |
Cuaderno de Pesca – Parte 1 - No Aeroporto
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A Sacolinha Transparente
Quem já viajou pro exterior sabe a frescurada que eles têm no aeroporto com negócio de líquido. Não pode levar nada na bagagem de mão que contenha mais de 100 ml. Se contiver menos de 100 ml, beleza, mas tem que vir dentro de uma sacolinha transparente que você adquire no próprio aeroporto. Se nunca entendi qual é a lógica dessa sacolinha transparente, hoje em dia entendo menos ainda.
Quando passei minha bolsa pelo raio X, identificaram um perigosíssimo frasco de Rexona roll on que eu tinha esquecido que tava lá. O cara disse que eu não poderia embarcar com aquilo sem a tal sacolinha transparente. Eu disse que ele podia ficar com o desodorante, que tava com preguiça de voltar no guinche da GOL pra buscar sacolinha. Aí ele passou um rádio pra uma superior que chegou usando LUVAS pra manipular meu tão perigoso Rexona roll on. Ao verificar que se tratava realmente de um desodorante, não de uma bomba, a mulher disse que eu deveria arrumar uma sacolinha transparente pra botar o Rexona dentro. Pela milésima vez, eu falei que NÃO QUERIA IR BUSCAR SACOLINHA NENHUMA, PODEM FICAR COM O REXONA, ME DEIXEM EM PAZ AAAH! No que a moça vira e diz “Você não tem nada aí na bolsa pra botar o Rexona dentro? Nem uma nécessaire?” Eu tinha uma nécessaire. “É transparente?” Era meio que transparente. “Serve!” Aí a maluca botou o Rexona dentro da minha bolsinha de maquiagem, botou a bolsinha de maquiagem dentro da minha bolsa de mão, passou a minha bolsa de mão pela esteira do raio X e, pronto, estou liberada pra seguir em frente. Perguntei se eu não poderia tirar o Rexona da bolsinha de maquiagem nunca mais. “Somente quando sair da área de embarque, senhora.”
Gente, como assim?? Rexonas explodem se estiverem fora de sacolinhas transparentes na área de embarque internacional? Não resisti e fui ao banheiro testar. Tirei o desodorante de dentro da nécessaire e não explodiu. Embarquei com ele fora da nécessaire (vejam como sou rebelde) e, além da super emocionante sensação de estar cometendo um ato contraventor, nada de anormal me aconteceu durante o vôo. Será que isso é algum tipo de superstição das companhias aéreas? Se for, pode avisar que já testei e não procede. No dia 11 de setembro de 2001 certamente havia algo além de desodorantes fora de sacolinhas transparentes naqueles aviões.
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Auto-controle no Duty Free
Eu não preciso de um pó da Lancôme. Eu não preciso de um pó da Lancôme. Eu não preciso de um pó da Lancôme. Eu não preciso de um pó da Lancôme. Ta barato. Mas eu não preciso de um pó da Lancôme. Nem de um lápis MAC. Ta muito, muito barato, mas eu não preciso de um lápis MAC. Não preciso de um lápis MAC. Nem de um pó da Lancôme. Não preciso de um 212 Sexy Carolina Herrera. Nem de um lápis MAC. Nem de um pó da Lancôme. EU NÃO PRECISOOOO!! AAAAH QUE HORAS O VÔO SAAAI?????
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Waiting Room
Odeio gringo velho com cara de tarado. Quanto mais gringo e quanto mais velho, mais cara de tarado e mais eu odeio. Gringos deveriam morrer todos aos 35 anos de idade. E os que engordam e ficam carecas, antes.
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Opa, finalmente o avião chegou.
Aeroporto de Congonhas, 23/09/09
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posted by Arlequina
@ 3:54 PM
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