8.24.2005 |
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Então eu fui prum showzinho de róque como há muito não fazia... Nem ia. Mas resolvi em cima da hora, tanto que nem deu tempo de passar a maquiagem em casa antes da minha carona chegar. Já cheguei olhando pra baixo, ignorando os rostos conhecidos, correndo pro banheiro. Imagina, nego me vendo por aí pela night sem maquiagem!!! Entro no toalete e encontro uma mocinha já bêbada. E o "já" serve tanto pra hora (eu tinha acabado de chegar, então eram umas onze...) quanto pra idade dela... Devia ter uns quinze. Enfim, meninas de quinze bebem adoidado, principalmente em showzinhos de roque. Não critico e até acho bom. Se talvez eu tivesse começado a beber adoidado aos quinze hoje seria uma pessoa mais madura.
Pois bem... Então a menina de quinze esperneava que queria ele, que ele não queria mais ela, que agora ela não sabia o que fazer, que vida dela era uma merda, que ela queria morrer. E a amiga à tiracolo (sempre tem uma amiga à tiracolo) consolava, compreensiva porém firme. Dizia que ela era linda, que era superior a ele, que devia parar de chorar e arrumar alguém melhor do que ele e passar na cara dele. Sábia. Mas vai convencer uma bêbada adolescente com dor de cotovelo de que existe uma caralhada de homem melhor do que ELE!
Então eu saí rapidinho em busca de um espelho e de uma amiga que segurasse o espelho pra mim. Quando voltei tinha até segurança dentro do banheiro querendo acudir a menina de quinze. Mas a amiga (a da menina, não a minha) tinha tudo sob controle e dispensou o segurança. Além do mais tenho a leve desconfiança de que a "ajuda" era só desculpa pra ver guria novinha bêbada no banheiro. E a bêbada vomitou. E eu, que não tinha nada com aquilo, afinal, fui passar minha maquiagem ao som do seguinte diálogo:
amiga: Ta se sentindo melhor? menina de quinze: Não! amiga: Quer alguma coisa? menina de quinze: Quero ficar normal como todo mundo!!! amiga: Ah, isso só amanhã! menina de quinze (chorando): ENTÃO EU QUERO ELEEEEEEEE! AAAAAH! TRAZ ELE PRA MIM!!! CHAMA ELE, VAI! CHAMA PELAMOR DE DEUS! AAAAH EU QUEROOOO!
...
eu: Ei! amiga (a minha): Oi! eu: Se ele me der um fora, promete que não vai me deixar pagar esse mico? amiga: Prometo. Eu te levo pra casa antes de você começar a gritar. eu: Tá bom. O bom é quando você cresce e fica mais madura né? Daí aprende que dar pití em banheiro de show de roque é coisa pra menina de quinze. O certo é encher a cara em casa. Com uma única amiga de preferência, só pra segurar seu cabelo enquanto você vomita... Aí você pode espernear, gritar e querer morrer à vontade sem pagar o mico de todo mundo saber que você sofre por ELE. E que nada no mundo vai te convencer que existe alguém melhor do que ELE. E que uma mulher que ama tem o direito de sofrer de amor escandalosamente em qualquer idade. |
posted by Arlequina
@ 8:43 AM
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8.22.2005 |
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- Hoje em dia a gente não precisa de uma Carla Perez ou uma Cássia Eller. Não precisa, cara... Nós já tivemos uma Marilyn Monroe e uma Marlene Dietrich. Sabe quem é? Marlene Dietrich, aquela atriz dos anos vinte que usava terno, beijava outras negas na boca e mostrava as pernas. Então. O que eu acho é que essa história de vanguardismo já anda profanada há muito tempo. Como pode ser vanguarda uma coisa que já foi feita há 50, 60 anos atrás? Mas elas existem. Existe uma caralhada de Carla Perez e Cássia Eller no mundo, andando por aí semi-nua ou se comportando feito caminhoneiro, não importa. E sabe por que elas existem? Porque é fácil, cara. Porque podem. Tem discurso moralista? Tem... Agora não vem me dizer que elas quebram paradigmas e sofrem tanto por isso, meu deus, num mundo onde apedrejar e queimar mulher na fogueira já caiu em desuso. É fácil sim. - Sei... - Quebra de paradigma é a Luma de Oliveira contrariar um monte de feminista histérica rebolando alegremente com uma coleira contendo o nome do marido...
- Ex-marido. Não lembra da história do bombeiro?
- Bombeiro? Nem lembro. Enfim. Aí vêm aquelas mulheres superindependentes que não são de homem nenhum e berram que a Luma de Oliveira fez um gesto absurdo que joga por terra toda a luta delas contra o domínio masculino. Então de repente a adesão à causa se torna uma obrigação de todas as mulheres só pelo fato de terem nascido mulheres. Daí hoje em dia além de sair da casa do pai, trabalhar, decidir se tem filho ou aborta, dividir conta do motel, do restaurante, cozinhar, lavar e sofrer de TPM a mulher tem que se lembrar sempre que não pode obedecer a homem nenhum. Mas tem que obedecer a regras arbitrárias que foram criadas antes dela nascer. Aí o paradoxo! Percebe?
- Pois é... - A luta não deveria ser pela igualdade dos sexos. Os sexos não são iguais. A luta deveria ser pelo direito de escolha, pela liberdade. E se a mulher escolher ser submissa? Por que não pode? Entende? Hoje em dia uma mulher é submissa porque quer, cara. Uma mulher que apanha do marido hoje é diferente de uma mulher que apanhou do marido há cinqüenta anos atrás. Naquele tempo ela não podia se divorciar, ela não tinha direito a nada. No máximo seria uma desquitada que voltaria pra casa do pai (isso se o pai quisesse!) com o rabo entre as pernas. Sem emprego, sem nada. Ou então virava puta.
- Hein? Quem é puta?
- A mulher, pô!
- Que mulher? - A mulher que resolvesse largar o marido há cinqüenta anos atrás... Pô, você não ta prestando atenção?
- Tô, tô...
- Então, é isso. O machismo parte da própria mulher também... Sabe, e se ela quiser esperar até o casamento pra dar? Legal, pô, ela pode... É dela né? Ela dá quando quiser... Mas e se ela arruma um cara que não quer esperar? Ela vai ser corna. E se não for besta ela vai saber que ta sendo corna. Então é tudo um jogo, um acordo silencioso. Ela é mulher pra casar, ele que arrume mulher pra trepar. É feio isso. Eu odeio essa história, mas pô... tem gente que vive assim, que que eu posso fazer? Vou bater de porta em porta das casas de família levando minha doutrina feminista pras mocinhas cornas? Não, cara. Não vou julgar, sabe por quê? Porque eu luto pelo direito da mulher fazer o que ela quiser. E ela não é obrigada a viver essa vida. Ela escolheu.
- Pode crer...
- Então, todo mundo que adere uma causa precisa se atualizar. Se não vira puro fundamentalismo, fanatismo... Se as feministas lutaram tanto pra que as mulheres tivessem uma vida própria, por mais que seja frustrante, elas têm que admitir que as "beneficiadas" da luta são donas das próprias vidas e podem fazer com elas o que quiserem, inclusive não vive-las. - Ta bom, mas na moral... Cala a boca e chupa aqui, vai!
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posted by Arlequina
@ 12:53 PM
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8.19.2005 |
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Eu jamais ousaria tentar falar sobre a complexidade dos sentimentos humanos. Não tenho cacife pra isso. Pra mim já é difícil falar sobre meus próprios sentimentos, imagina os de toda uma espécie. Até porque há sensações que só podem ser compreendidas depois que passam. Elas foram feitas pra isso, pra confundir mesmo, pra entristecer mesmo, pra quase matar mesmo. E pra depois passarem. E sem prazo definido, sem garantia de que você vai ser uma pessoa melhor ou pior quando passam.
Então há essas malditas histórias que não passam. Acabam, soltam o meu pescoço, me proporcionando um longo suspiro de alívio. Mas não morrem. Ficam vivas em baixo da minha cama e saem de vez em quando nos momentos mais inoportunos possíveis. Às vezes sob o falso manto da precaução, cochichando no meu ouvido: "Ei, olha lá hein... Cuidado hein... Você não vai querer passar por isso de novo hein...". Mas que desculpa esfarrapada pra um tormento! Eu não vou passar por isso de novo porque é impossível, pelo menos aqui, agora, nesse mundo, voltar no tempo e viver qualquer coisa de novo. Os temas até se repetem às vezes. Os cenários, talvez... Mas a história não. Acabou ta acabada. Porém viva. E pior: só você sabe. Porque esse tipo de história zombeteira tem o dom de se fingir de morta pros outros... Então elas invadem seu território e te pegam com as calças na mão e saem se enfiando em outras histórias transformando sua vida numa eterna bagunça metalingüística.
Quisera eu conseguir enterrar todas elas. Olhar pra uma e não sentir minha cara formigando de ódio. Olhar pra outra e não sentir meu orgulho definhando de frustração. E olhar pruma terceira e não sentir minha mágoa transbordando de decepção. Pra que afinal, eu precisaria de ódio do que já não importa, frustração pelo que já nem quero e decepção com o que já nem existe? Quisera eu andar pelo mundo levando apenas o aprendizado (Ah, sim, eu aprendi. E como aprendi!) sem ter que carregar a vida de histórias que (graças a deus!) acabaram. Assim poderia aproveitar plenamente (e eu dou muito valor presse negócio de aproveitar plenamente as coisas, sabe?) esse momento perfeito, novíssimo, que foi me foi dado de presente pelos deuses, em uma perfeição tão milimetricamente calculada que quase assusta. Como uma recompensa por eu ter sobrevivido mantendo uma cota mínima de lucidez.
Elas, as histórias, acabaram. Eu já aprendi a lição de moral. Ganhei uma história nova. Então qual a função desses fantasmas invisíveis a olho alheio que vivem latentes na minha vida? Não sei. Como disse, não sei nada sobre a complexidade dos sentimentos humanos. E, por isso, jamais ousaria tentar falar sobre eles.
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posted by Arlequina
@ 10:42 AM
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8.12.2005 |
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Com o fantástico advento da banda larga na minha casa eu posso saciar meu vício de inutilidades cibernéticas a qualquer hora do dia e não preciso mais esperar dar meia-noite pro meu pai não dar chilique por causa de telefone. E a conexão rápida, que maravilha... Visitar vários sites simultâneos, baixar músicas, filmes, clipes, jogos e quaaase nunca cair. Viva! Mas, já diziam os sábios, nada é de graça nessa vida. E o preço que eu pago pela banda larga é muito mais caro que o provedor e a assinatura patrocinados pelo meu pai: o súbito interesse da minha mãe por computador. E advinha quem foi eleita professora... Alguém aqui já foi incumbido da tortuosa missão de ensinar mãe a mexer em computador?? Só tendo passado por esse drama pra saber do que eu to falando.
Minha mãe é inteligente, cara. Sério mesmo. Mas não acompanhou essa evolução da humanidade, que nos é tão familiar porque cresceu junto com a gente. Então tem um bloqueio na cabeça dela que transforma o computador numa caixinha mágica e misteriosa, que fascina e amedronta. Aí ela senta na cadeira com aquela cara de criança na frente de um inseto colorido recém-descoberto no jardim sem saber o que fazer direito e... me chama. Como liga? Como desliga? Por quer apareceu isso? E isso? E como fecha? Ai, meu deus, sumiu, e agora? Ai meu deus, ficou tudo azul, e agora? Ai meu deus, ta se mexendo sozinho, será que é vírus? No começo eu até que tinha prazer em responder todas as perguntas, juro. Me sentia vaidosa por ver a grande matriarca abrir mão da postura de "quem entende de tudo aqui sou eu" e humildemente admitir que eu tenho muito mais desenvoltura nos assuntos eletrônicos do que ela. Só que as perguntas começaram a se repetir. E a paciência a acabar. Porque eu explico e explico de novo, e ela anota e perde o papel, e tem que explicar de novo, de novo e de novo. E eu tenho que ficar dando explicações enquanto queria estar no telefone, vendo televisão, comendo biscoito, fazendo porra nenhuma ou, o pior de tudo, USANDO O COMPUTADOR! E eu que ouse recusar! Aí além das perguntas tenho que ouvir o grande sermão da montanha sobre a ingratidão de uma filha que tanto aprendeu com os ensinamentos dela e agora se recusa a responder umas coisinhas de nada.
O primeiro passo foi ensinar a mexer em e-mail. Nossa, como ela se diverte! Meu irmão mora em outra cidade e ela vê três ou quatro vezes por dia (sozinha hein!) se ele mandou notícias. E foi logo espalhando o e-mail dela pros amigos. Todos os amigos. O resultado disso é uma enxurrada de piadas de internet, correntes e aquelas mensagens bregas em slide que ela insiste em me chamar pra ver "a coisa mais linda que fulaninho mandou!". Daí eu tenho que ensinar a repassar piadas, correntes, comunicados de boicote, alertas sobre ladrões de rins e notícias incríveis como a do menino que morreu com a explosão de uma televisão panasonic. E lá vai spam pros pobres dos amigos que se aventuraram a dar o e-mail pessoal pra ela. Espero que o cosmo me entenda e isso não se transforme num carma muito grande. Daí ela já foi logo identificando o MSN, ou "MSM", como ela insiste em chamar. Tentei explicar. Oh, deus, que grande erro!
- Isso é site de bate-papo?
- Não. - Então é o que? - Messenger. Ou MSN. É um programa que eu uso pra mandar mensagens instantâneas pros meus amigos que estão on-line no mesmo momento que eu. - E por que tem uma foto sua? - Porque eu botei. - E qualquer um do mundo todo pode ver foto sua???? - Não. Só meus amigos que estão na minha lista. - E como seus amigos vão parar na sua lista? - Pra usar o MSN vc cadastra um e-mail só pra isso. Aí vc diz pros seus amigos o e-mail que vc usa e eles adicionam vc na lista. - E como vc sabe que é o seu amigo mesmo? - Porque cada um tem a sua senha pro seu e-mail. E vc só pode entrar no msn se botar a sua senha. - E todo mundo pode ler a conversa? - Não. Só um de cada vez. - Ah. Dia seguinte...
- Você ta aí perdendo tempo em site de bate papo?
- Eu não freqüento site de bate-papo, mãe. - Então porque esse MSM só vive piscando? E no outro dia...
- O que vc ta fazendo?
- Uma pesquisa. - Mentira, vc ta em site de bate-papo. - (suspiro) Eu não freqüento site de bate-papo, mãe. - E esse MSM então é o quê? E no outro...
- Ai mãe, que susto!
- Toda vez que eu chego aqui só vejo vc nesse "chat de bate-papo". - EU NÃO FREQUENTO SITE DE BATE-PAPO! - E esse MSM aí é o que então? Passa o dia todo nessa coisa conversando o que não presta. Grrrrrr!
Acontece que mãe e computador definitivamente não combinam. Assim como mãe não combina com um monte de coisa. E eu me pergunto com que cara de taca eu vo ficar se for mãe por acidente um dia (cadê a madeira? toc toc toc) e se parar no tempo, não fazendo a menor idéia do que seja algo que ocupa uma parte tão grande da rotina do meu filho. Se colocando no lugar dos pais (os pais comuns mesmo, moderninhos não contam), deve ser meio desesperador realmente... Se dar conta de que vc não controla o entretenimento, os interesses, os passatempos nem nada do seu filho. Que aquela caixinha mágica agrega muito mais informações sobre ele do que você. Isso deve incomodar.
Por isso tem dias que eu resolvo limpar minha barra com deus por ter contribuído com a disseminação de spam pelo mundo e tento ser compreensiva, respondendo pacientemente as repetidas perguntas da minha mãe. E acho que não tenho sido má professora. Em três meses ela já aprendeu a encontrar a pasta dela, a pesquisar no google, mandar e-mail com arquivos anexados e salvar arquivos enviados na própria pasta. E o mais surpreendente de tudo (PASMEM!) é que um dia desse meu pai olhava os e-mails dele (como eles acham divertido olhar e-mail!) e eu escutei ela dizendo em tom de grande entendedora do assunto: "Pode deletar direto essas mensagens que vêm com um 'Fwd' na frente porque é sempre besteira". INCRÍVEL!
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posted by Arlequina
@ 2:39 PM
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8.06.2005 |
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Loser eu sempre fui, ainda sou e loser eu hei de morrer. Mas na época do primário a minha loserzice era mais evidente (hoje em dia até que eu sei disfarçar às vezes...). E pra cada loser sempre existe um winner, claro. Então a winner da minha infância era a Roberta. Lindona, a filha da puta. Com nove anos de idade já era gostosa, sabia jogar volley e queimado, fazia jazz, ballet e sapateado, tinha a caligrafia linda, sempre era a principal nas apresentações de dança e sempre ajudava a tia a escrever o dever no quadro. E sempre ganhava as eleições pra líder da turma, claro. Afinal de contas, todo mundo quer ser liderado por um winner. Eu era do clube dos paga paus da Roberta. Inclusive, eu era a líder do clube dos paga pau da Roberta (pra ninguém dizer que eu fui líder de nada na infância). Ela era tudo, tuuudo que eu sempre quis ser. Se aparecesse um gênio da lâmpada naquela época, eu pediria pra ser a Roberta por pelo menos duas horas. Mas nenhum gênio apareceu e eu tive que me contentar em ser eu mesma por muitos e muitos anos. Até que eu mudei de colégio, de cidade, de cabelo, de corpo, de mentalidade, de sentimentos, de gosto musical, de estilo, até de cor dos olhos. Dez anos depois a minha ídola de infância me acha no orkut. Deixou um scrap dizendo o quanto eu mudei e que quase que ela não me reconhece. Fui ver as fotos dela... Não mudou nada. Continua linda, desgraçada. Fui ver o perfil. Nada de muito surpreendente. Também, com umas fotos daquela, quem precisa impressionar no perfil pra arrumar fãs? Só que ooooôpa! O que é isso?? Eu to lendo direito? Livros: "Qualquer um de auto-ajuda". QUALQUER UM DE AUTO-AJUDA! Não foi nem um especifico de auto-ajuda, romance espírita, sei lá, Paulo Coelho, Dalai Lama. Não. Qualquer um serve. Basta ser qualquer um livro patético com dicas óbvias sobre como ser feliz e ter muito sucesso na vida que serve pra entrar na prateleira de preferidos daquela que foi a winner da minha vida. Será que é esse o segredo dela? Será que alguma editora de livros de auto-ajuda estaria pagando a Roberta pra colocar essa mentira desgraçada no perfil dela, a fim de que todos os cinco milhões de fãs que ela conquistou pela vida acreditem que ela só é a pessoa mais fodona do mundo porque segue as dicas fabulosas de tão imbecil literatura?? E me espanta saber que hoje em dia eu fui eleita a winner da vida de algumas pessoas, mesmo sem nunca ter me candidatado. Eu não leio livro de auto-ajuda, tudo bem, mas pô... Não decepcionar nunca é muita responsabilidade. Daí a gente encontra nossos ídolos depois de dez, quinze anos e descobrimos que eles casaram, tiveram filhos, engordam, cortaram o cabelo, se formaram em Direito, ficaram mais feios, se sentem sozinhos, tomam antidepressivos, gostam de Paulo Coelho ou pior ainda: não mudaram nada. Mas você mudou. Você não é mais aquele tipo de loser. SUPRESA! Você não precisa mais se espelhar neles. Inclusive, você acha todos eles uns babacas. Hoje em dia você já faz parte de uma outra categoria de perdedores que precisa de outros ídolos pra se espelhar. E que vão te decepcionar daqui há dez, quinze anos. E o ciclo vai continuar se repetindo... E vai se repetir over and over again até você se dar conta de que pessoas decepcionam porque pessoas não nasceram pra superar as expectativas alheias. E isso inclui você mesmo. Pessoas são frágeis, cheias de defeitos e carências que fazem questão de esconder com medo de assustar e acabarem sozinhas ou fazem questão de mostrar na esperança de alguém sentir pena e ir lá ajuda-las a superar, pra que elas não acabem sozinhas... Pessoas morrem de medo de acabarem sozinhas. Eu ainda tenho meus ídolos e eu ainda os admiro. Admiro meus amigos, alguns mais do que os outros, mas tomo cuidado antes de querer parecer com eles. Hoje em dia sou uma loser muito mais esperta: prefiro parecer com pessoas distantes, bem distantes de mim. Pessoas-ícones. Pessoas de quem nunca vou me aproximar, portanto não corro o risco de encontra-las daqui há alguns anos e descobrir que, ao contrário de mim, elas sempre foram tão perfeitas que nem precisaram mudar nada. Mas lêem livro de auto-ajuda. |
posted by Arlequina
@ 9:28 AM
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